O bispo Luís Flávio Cappio, de Barra (BA), protocolou ontem no Palácio do Planalto uma carta para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiterando sua posição contrária ao projeto de transposição do Rio São Francisco.
O bispo ficou conhecido por ter feito em 2005 uma greve de fome de dez dias em protesto contra as obras de transposição do rio.
Dom Cappio, afirma na carta, que falta ao governo uma “decisão política mais lúcida” para frear as obras de transposição previstas pelo Ministério da Integração Nacional. E pede a reabertura do diálogo sobre o projeto.
O bispo Fala, na carta, que o presidente planejou o início das obras do São Francisco no Programa de Aceleração do Crescimento, com gastos de R$ 6,6 bilhões – que segundo ele representam mais de 50% de todo o orçamento destinado a recursos hídricos previsto no PAC.
Dom Luís também afirma que o Tribunal de Contas da União divulgou recentemente relatório apontando que o projeto de transposição do São Francisco não beneficia o número de municípios que se destina a atingir.
“O mesmo tribunal determinou ao Ministério da Integração e ao Ministério da Defesa que não utilizem recursos públicos para a execução da obra enquanto não houver decisão sobre a licença prévia concedida pelo Ibama”, ressaltou.
O ministro da Integração Nacional, Pedro Brito, descartou adiar o projeto de Integração do Rio São Francisco por causa das críticas feitas ontem por Dom Cappio. Brito disse estar convencido da qualidade técnica e da excelência do projeto e do respeito ao meio ambiente.
“Do ponto de vista social, o projeto é inatacável. O processo de debate [sobre o projeto] é permanente, ele não parou nem vai parar. O que nós não podemos é ficar adiando indefinidamente o início de um projeto que é uma demanda desde a época do Império”, disse.