Momento novo na missão

Dom Francisco Biasin sobre o bispo emérito: “Não é período de descanso”

No Brasil, existem 157 bispos eméritos, pastores, que, mesmo afastados da função de governo nas dioceses, seguem na missão evangelizadora da Igreja

Mauriceia Silva
Enviada a Aparecida (SP)

Dom Francisco Biasin, Bispo Emérito de Barra do Piraí RJ / Foto: Mauriceia Silva

A Igreja estabelece a idade de 75 anos para que o bispo apresente ao Papa o pedido de renúncia ao governo pastoral. Uma vez aceita a renúncia, ele se torna bispo emérito. Mesmo afastados de suas funções de governo nas dioceses, os bispos eméritos continuam participando de atividades pastorais e colaborando com a missão evangelizadora da Igreja. A missa desta sexta-feira, 21, no âmbito da 60ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), será dedicada a eles. 

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Dom Francisco Biasin, de 79 anos de idade, é bispo emérito de Barra do Piraí-Volta Redonda (RJ) e preside a Comissão Especial da CNBB para os bispos eméritos. Ele está participando da 60ª Assembleia Geral da CNBB e, em entrevista ao Jornalismo Canção Nova, explicou que o bispo emérito, mesmo tendo deixado o cargo de autoridade na diocese, continua sendo bispo pelo sacramento da ordem. 

“Tanto é verdade que ele continua sendo membro do colégio episcopal. Ele não se aposenta, não tem aposentadoria, e nem é período de descanso, é um momento novo na vida de um bispo.”

Segundo Dom Biasin, o bispo deve se preparar para isso junto à Igreja que ele serviu, pois ao se tornar emérito ele continua dentro da Igreja sendo pastor. Portanto, continua a missão apostólica da Igreja, mas numa outra dimensão, é uma outra realidade.

Números de bispos eméritos

“Somos 157, portanto somos um número considerável”, informou Dom Biasin. Ele pontuou que mais da metade dos bispos estão na ativa ou responsáveis por dioceses ou outros trabalhos da Igreja. 

Dom Biasin explicou que eles estão organizados numa comissão especial dos bispos eméritos. Antes da pandemia, havia um encontro anual deles na Assembleia. Porém, hoje há empecilhos que dificultam a participação deles no evento. 

“Hoje, não participam muitos por fatores como a idade, o cansaço, a viagem, fica um pouco pesado, contudo estamos ligado através do WhatsApp, por incrível que pareça”, contou. 

“Mais tempo para rezar”

O bispo emérito da diocese de Caxias do Sul, Dom Alessandro Ruffinoni, também com 79 anos de idade, também participa da 60ª Assembleia Geral dos Bispos em Aparecida. Ele contou à nossa equipe de reportagem qual a sua percepção acerca deste tempo da emeritude. 

“O bispo emérito é uma condição muito bonita, porque a gente tem mais tempo para rezar, para refletir, e se está bem de saúde, tem ainda muito para fazer, ajudando na simplicidade, na humildade, onde é preciso, a própria diocese, ou em outros campos.”

Dom Alessandro Ruffinoni diz estar muito feliz por ser emérito e ter a consciência que “o outro que vai vir sempre melhora a situação”,  porque é mais jovem e possui outras ideias. Por isso, é importante saber deixar o lugar para outro que vem.

Atualmente, Dom Ruffinoni está no Santuário de Caravaggio em Farroupilha, no Rio Grande do Sul, e integra uma equipe de cinco pessoas no local: ele e mais quatro padres. “Hoje, como responsável, o meu papel é ajudar na simplicidade os outros colegas com os quais trabalhamos juntos para acolher bem o pessoal que vem ao Santuário, celebrar eucaristia, confessar. É isso que é papel do bispo emérito. Sobretudo, o bispo emérito pode também dedicar mais tempo à oração, pois também se aproxima o dia de nossa morte e é bom estar preparado”, concluiu. 

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