Centenário

Dom Aldo Mongiano: bispo mais idoso do Brasil completa 100 anos

Missa em Ação de Graças pela vida do bispo emérito de Roraima aconteceu em Turim, na Itália

Da redação, com informações de padre Jaime C. Patias – missionário da Consolata

Dom Aldo Mongiano/ Foto: Padre Jaime C. Patias – Consolata

O bispo emérito de Roraima, Dom Aldo Mongiano, completou na última sexta-feira, 1, 100 anos. O mais idoso da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o sexto mais idoso do mundo, contou com uma missa em Ação de Graças em Turim, na Itália, na Igreja do Bem-aventurado José Allaman.

A Celebração foi presidida por Dom Mário Antônio, bispo de Roraima, e concelebrada por Dom José Albuquerque de Araújo, bispo auxiliar de Manaus; padre Stefano Camerlengo, Superior Geral IMC; e outros sacerdotes. Um grupo de amigos de Roraima, da Itália, familiares e missionárias da Consolata estiveram presentes.

Dom Mário Antônio da Silva, atual bispo de Roraima e segundo vice-presidente da CNBB, reafirmou durante a missa em Ação de Graças, sua gratidão pela vida do bispo emérito: “Com todos os amigos de Roraima, trazemos a gratidão a Deus pela vida de renúncia e sacrifício, de missionariedade e de esperança de Dom Aldo”.

Dom Mário Antônio e Dom Aldo Mongiano/ Foto: Padre Jaime C. Patias – Consolata

O bispo prosseguiu: “Ele se dedicou muito na formação dos cristãos, apoiou os jovens, fez com que Roraima não somente se tornasse diocese, em 1979, mas também, uma referência para a Igreja na Região Norte do Brasil e até mesmo em outras partes do mundo. (…) Ele escreveu nos corações das pessoas com sua vida e seu testemunho, sua renúncia e seu sacrifício ao lado de outros missionários e missionárias da Consolata, de leigos e leigas e outros missionários e missionárias da Igreja local”.

A opção pelos indígenas

Uma das marcas de Dom Aldo foi a defesa dos povos indígenas contra a invasão dos garimpeiros, fazendeiros de gado e arrozeiros. Em 1974, os missionários da Consolata em Roraima, decidiram que os Povos Indígenas seriam a prioridade em seu trabalho. A escolha foi importante e histórica. Alguns anos depois, também a Diocese de Roraima em sua Assembleia de 1979, fez a opção pelos indígenas.

Na ocasião, o bispo centenário publicou uma Carta Pastoral com o título: “Os missionários podem evangelizar os índios?” Foi a resposta ao Presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio) que havia proibido os missionários de trabalharem com os indígenas. Com coragem e profecia, na carta, o bispo denunciou a situação de abandono e exploração que as comunidades indígenas sofriam e afirmou que a Igreja continuaria a sua missão, apesar da proibição. Por causa do Evangelho, foi ameaçado e perseguido.

Para o bispo de Roraima, “o testemunho de Dom Aldo é um caminho de santidade”. “Ele é um homem bem-aventurado. Mostrou e disse que é feliz, claro que com 100 anos, não sem dores, mas com o coração muito agradecido. Em suas mensagens, sempre falava e dava testemunho da paz e da justiça. Quem luta pela paz e pela justiça, Deus se ocupa de sua longevidade e da sua felicidade”, complementou Dom Mário.

Missa em Ação de Graças pelo centenário de Dom Aldo Mongiano/ Foto: Padre Jaime C. Patias – Consolata

Agradecimento

O bispo centenário também deixou a sua mensagem: “Eu somente recebi favores e graças de Deus. Recebi tantos dons. Estou triste por não ter sido mais generoso na resposta ao Senhor. Poderia ter sido mais dedicado, mais pronto ao sacrifício, mais amável. Peço perdão dos meus limites, dos meus pecados, e vos agradeço por tanta bondade”, afirmou.

Com o coração universal, Dom Aldo recordou que foi missionário em muitas igrejas, falou em muitas nações e em muitas línguas, e explicou: “por que essa era minha missão. Eu devia anunciar o Senhor, falar do Deus bom, do Deus misericordioso, que mandou seu Filho para nos salvar, que veio nos ensinar como conduzir os nossos passos no caminho da vida. Nunca pensei que receberia tantas honras, tantas graças, tanta misericórdia, tanta bondade”.

“Estou aqui para agradecer. Se tivesse que dizer os favores recebidos, a quem os poderia contar? Se tivesse que contar as vezes que tive de pedir perdão a Deus, quem as poderia contar? Perdão Senhor! (…) Agradeço a todos os que viveram comigo e me acompanharam e me ajudaram. Consagrei a minha vida a Deus, à Nossa Senhora e às missões. Peço ao Senhor que abençoe a vossa casa, as vossas famílias, a vossa vocação”, finalizou o bispo emérito.

Biografia

Natural de Pontestura, Monferrato (Itália) onde vive atualmente com a sua irmã Caterina, Dom Aldo foi ordenado padre em 1943. Foi missionário em Portugal e Moçambique antes de ser nomeado por Paulo VI, em 1975, bispo da Prelazia de Rio Branco, atual diocese de Roraima, criada em 1979. Ele permaneceu à frente da Diocese até 1996.

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