Junho vermelho

Do doador ao doente: médica detalha etapas da doação de sangue

Médica fala do perfil do doador de sangue e aponta as funções dos componentes sanguíneos no processo terapêutico dos pacientes

André Cunha
Da redação

Quatorze de junho é o Dia Mundial do Doador de Sangue e todo o mês é dedicado a essa causa com a campanha “Junho Vermelho” em todo o país . O gesto pode salvar vidas, mas ainda enfrenta barreiras que impedem, apesar das campanhas motivacionais, que os bancos de sangue se mantenham cheios, à medida das necessidades de cada região.

14 de junho é Dia Mundial do Doador de Sangue Foto: Arquivo – Marcelo Camargo/Agência Brasil

Talvez, uma destas barreiras seja a falta de informação. Por isso, a Dra. Aline Borchardt explicou ao noticias.cancaonova.com as etapas do processo de coleta de sangue até à fase em que o material chega ao paciente necessitado.

De acordo com a médica, ao chegar ao banco de sangue o doador faz um cadastro. Para isso, deve portar um documento oficial com foto e preencher um questionário referente ao seu estado de saúde e hábitos de vida.

Posteriormente, com um enfermeiro ou médico, é realizada uma entrevista baseada nas respostas do questionário e também é realizado um breve exame físico para saber se o doador está em condições de fazer a doação. Anemia, febre ou alterações da pressão arterial podem impedir a efetivação do processo de triagem.

Se o doador é considerado apto, é orientado a beber líquidos e, em seguida, encaminhado para sala de doação, onde é coletada a bolsa de sangue e colhido exames para realização de testes sorológicos do doador. Após a doação, o doador ainda tem a oportunidade de desistir de que o seu sangue coletado seja doado, se considerar que algumas de suas respostas não foram totalmente sinceras, que é o chamado voto de auto exclusão, visto que mesmo realizando testes, estes podem ser negativos, se o doador entrou em contato recentemente com alguma doença, mas esta ainda não é detectada pelos testes, que é o período chamado de janela imunológica. Ao final da doação, o doador faz um lanche antes de ir embora.

A bolsa de sangue posteriormente vai para o laboratório, onde é centrifugada e após dividida, é armazenada em outras bolsas que contenham hemácias, plaquetas ou plasma. Após o resultado dos testes que são feitos no sangue do doador, se estes estão normais, a bolsa de sangue é liberada para transfusão.

O receptor do sangue

Dra. Aline Borchardt explica que o sangue, antes de chegar ao paciente, é processado de forma a ser fracionado, ou seja, dividido em concentrados de hemácias, plaquetas, plasma fresco congelado, entre outros derivados do sangue.

“Assim o concentrado de hemácias, que é o mais utilizado e comumente chamado de ‘transfusão de sangue’ é indicado para pacientes com anemia grave que estejam precisando restabelecer o seu volume sanguíneo e aumentar a oferta de oxigênio aos tecidos. A anemia grave pode ser consequente a doenças e sangramentos como o que acontece nos traumas e cirurgias”, explica a médica.

 

 Doador voluntário e o doador de reposição

Dra. Aline destaca ainda que existe dois tipos de doadores: o voluntário e o repositor. O primeiro é aquele que de forma espontânea procura um banco de sangue com objetivo de fazer a doação, sabendo da importância de manter os estoques de sangue do serviço de hemoterapia, sem identificação do nome do possível receptor. Já a doação de reposição é quando o doador vai ao serviço motivado pela necessidade de um parente ou amigo.

Uma doação, muitas vidas salvas

Para a médica, a doação de sangue pode salvar muitas vidas, visto que o sangue, apesar de todos os avanços científicos, ainda não tem um substituto. “Apenas a doação de sangue pode oferecer à uma outra pessoa o que ela precisa”, disse, evidenciando alguns benefícios dos componentes do sangue:

“As hemácias ajudam as pessoas que sofrem de doenças crônicas, as que sofreram acidentes e aquelas que vão ser submetidas a cirurgias em que há expectativa de grande perda de sangue. As plaquetas ajudam principalmente as pessoas que estão realizando tratamento com quimioterapia contra o câncer. O plasma, de forma simplificada, ajuda pessoas com problemas da coagulação do sangue. Assim uma doação de sangue pode estar ajudando várias pessoas ao mesmo tempo!”

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