Abre-se, uma vez mais, diante de nós o horizonte da ESPERANÇA, o Tempo do Advento, tempo de misericórdia e de consolação, tempo de conversão e de purificação da mente e dos costumes porque Ele vai chegar!
Com particular carinho o Senhor nos encoraja a re-examinar as razões do nosso viver, as motivações reais de nossos projetos e planos de vida, para que em cada um de nós Ele possa “nascer” na Noite Santa do Natal! Não é difícil perceber que, como há dois mil e cinco anos atrás, também a Humanidade moderna acha-se mergulhada numa noite escura, que se prolonga em frias madrugadas…
E a nós, que buscamos os caminhos da santidade de vida e da fidelidade ao Senhor, como sua Igreja, também é dirigida a mesma Mensagem que os Anjos dirigiram aos humildes pastores, na Noite Santa do Natal: “nasceu, hoje, para vós um Salvador”! Esta Mensagem de Esperança reergue nosso ânimo e nos restaura na alma para, intrepidamente, anunciarmos a Verdade salvífica de Jesus Cristo, nosso Mestre e Senhor!
É missão árdua esta, exatamente porque estamos mergulhados numa cultura pagã, à qual Deus incomoda cada vez mais, e que rejeita, de modo irônico e agressivo, a visão evangélica da dignidade humana. Cada vez mais aumenta o confronto com o pensamento materialista moderno, cujas propostas de liberdade e de autonomia arrogante face à Lei de Deus, nos leva a uma releitura das palavras do Apóstolo Pedro, em sua 2ª Carta:
“Haverá entre nós falsos mestres, que trarão heresias perniciosas, negando o Senhor que os resgatou e trazendo sobre si repentina destruição. Muitos seguirão suas doutrinas dissolutas e, por causa deles, o caminho da verdade cairá em descrédito!” (2ª carta de Pedro, c. 2, 1-2).
Vivemos, em dias de hoje, esta mesma situação, particularmente no que tange a reta compreensão da sexualidade humana, à luz da Revelação Cristã! Aí estão, cada vez mais numerosos e agitados os “falsos mestres”, fora e também dentro da Igreja, a execrar a Sã Doutrina, propugnando todo tipo de prática sexual como “direitos sagrados do homem e da mulher livres”! Procuram, como os sofisticados e poderosos recursos da Mídia, fazer “cair em descrédito o caminho da Verdade.
“Igreja fora do tempo”, “Igreja de soluções medievais…”, “Igreja que ignora os avanços científicos”, “Igreja que está condenando à morte milhares de seres humanos portadores do HIV”, etc. etc. !
“Muitos seguirão suas doutrinas dissolutas” escreve o Apóstolo Pedro, e é o que também estamos vendo hoje, com pesar, ao lermos declarações de artistas, de gente importante, até mesmo clérigos e pessoas consagradas, afirmando sua discordância com as diretrizes e orientações do Magistério da Igreja em temas como sexo livre, uso de preservativos, direito ao aborto, etc.
Naturalmente há uma grande diferença entre a análise do Apóstolo Pedro sobre a dissolução degradante dos costumes morais e o que hoje se prega por aí: o que Pedro considerava, sob inspiração divina, “dissolução” de costumes, hoje se apresenta como modernas conquistas e como liberdade de opções!
O tempo do Advento, tempo de graça e de luz, traz-nos o forte apelo do Salvador no sentido de não nos deixarmos abater face a esta violenta onda ideológica, e assumirmos, sem medo, a pregação forte e clara da verdade de Jesus Cristo, iluminadora de todas estas questões candentes, inclusive da sexualidade humana.
Que o Natal do Senhor nos encontre vigilantes, abertos ao Dom de Deus, dispostos a relançar as redes em águas mais profundas: águas de uma vida santa e evangélica! Feliz e Santo Natal a todos e um abençoado Ano Novo de 2006.
Dom Frei Alano Maria Pena
Arcebispo Metropolitano de Niterói