Iniciativa de estudar e entender melhor o que seria o diaconato feminino partiu do Papa Francisco, que na semana passada instituiu comissão a respeito
Jéssica Marçal
Da Redação
Será possível que as mulheres exerçam, um dia, o diaconato na Igreja? Como o tema foi ainda pouco explorado nos mais de dois mil anos de história católica, o Papa Francisco decidiu instituir uma comissão de estudo para entender melhor o assunto. Uma iniciativa que foi acolhida em espírito de comunhão e esperança pela Igreja no Brasil, como afirma o presidente da CNBB, Dom Sérgio da Rocha.
“Como Igreja no Brasil, particularmente como Conferência dos Bispos do Brasil, nós queremos colaborar naquilo que estiver ao nosso alcance. Se for solicitada alguma colaboração da conferência episcopal, estaremos dispostos a oferecer a nossa ajuda”, declarou Dom Sérgio.
Em entrevista exclusiva ao noticias.cancaonova.com, o arcebispo de Brasília (DF) explicou que a comissão ainda é recente e que o assunto é bastante delicado e por isso não há respostas imediatas. O importante é entender que o Papa teve a iniciativa justamente para entender melhor o assunto, e isso já é visto com a esperança de que a comissão ajude a valorizar cada vez mais o papel da mulher na Igreja.
“O Papa, ao instituir essa comissão, está justamente querendo conhecer melhor o papel desempenhado pelas mulheres na Igreja primitiva e o que se entende pela palavra diaconisa. Os dados históricos, os estudos que temos até agora são limitados. Há uma necessidade de aprofundar esse assunto”.
Dom Sérgio ressaltou que, pelo que se sabe, o diaconato das chamadas “diaconisas” da Igreja primitiva não se trata do diaconato como se conhece hoje, ou seja, não se confunde com o diaconato como um grau do ministério ordenado.
“O próprio Papa e o porta-voz do Vaticano esclareceram muito bem que não está em questão a ordenação sacerdotal de mulheres; a questão que está sendo colocada, a perspectiva, é outra. Isto é: a compreensão da contribuição da mulher, do papel da mulher na Igreja, mas no âmbito do serviço da caridade, não do sacerdócio”, disse o bispo, que acrescentou: “Não se pode misturar as coisas, não só para evitar confusão, mas também para valorizar o que o próprio Papa está querendo”.
No caso de um possível diaconato que seria confiado às mulheres, portanto, a perspectiva seria de um trabalho no âmbito da caridade. Dom Sérgio adverte que é preciso aguardar os resultados dos estudos e, desde já, rezar para que a comissão tenha sabedoria para colaborar com o Santo Padre nesse tema.
“Nós devemos aguardar maiores conclusões da comissão, mas sabendo que, desde o início, a proposta de tema que está sendo colocado não se confunde com uma certa discussão que já houve em outros momentos a respeito de sacerdócio feminino. Se trata aqui de uma forma de diaconato a ser confiado, a ser exercido por mulheres na Igreja”.