Data estabelecida pelo Papa pede que a Igreja se mobilize em torno daqueles que vivem à margem da sociedade
Thiago Coutinho
Da redação
O Dia Mundial dos Pobres, data instituída pelo Papa Francisco em 2016, será celebrado no próximo dia 18, penúltimo domingo do Ano Litúrgico. O Santo Padre convida os fiéis a refletir a respeito da pobreza e da desigualdade social que assolam o mundo.
Na Canção Nova, a data será celebrada por meio de diversas ações, na segunda edição do “Com Deus tem jeito”, ação que reunirá cerca de 125 homens e mulheres em situação de rua.
Na ocasião, haverá um encontro com pessoas que vivem em situação de rua que serão acolhidas com café da manhã, almoço, palestras e missas. “Mas o mais importante disto tudo é convidar estas pessoas em situação de rua para ir a uma casa de recuperação e começar um novo tempo”, explica Cleto Carvalho Coelho, responsável pelo Projeto Geração Nova (Progen), na Canção Nova.
A Canção Nova não está sozinha nesta empreitada. Outras comunidades estarão na chácara para realizar este trabalho, tais como o Movimento Emaús, a Missão Belém, a Comunidade Bethânia, entre outras.
“Essas comunidades que estão juntas conosco já disponibilizaram vagas [para dependentes químicos]. A Missão Belém, por exemplo, disponibilizou-nos 25 vagas. São pessoas que já trabalham com esta realidade. No ônibus já há vagas para estas pessoas serem levadas para lá e serem tratadas”, explicou Coelho. A Missão Belém fica em Jarinu, no interior do estado de São Paulo.
Em Belo Horizonte, a Arquidiocese e a Defensoria Pública do Estado se uniram para, na quarta-feira, 13, realizar trabalhos de atendimento aos mais necessitados da capital e cidades metropolitanas. Serão oferecidos de outubro a novembro, de forma gratuita, orientação jurídica, apoio psicológico, alimentação, lazer, serviços de saúde e cuidados pessoais.
“Não estamos preocupados com um número, mas em atender a maior quantidade possível de pessoas em situação de rua, para dar-lhes visibilidade, dignidade e alegria, por meio de convivência, serviços, alimentação e apresentações culturais”, disse o padre Júlio Amaral, vigário responsável pelo Vicariato Episcopal para a Ação Social e Política da arquidiocese mineira.
Postura cristã
A conduta cristã prevê a solidariedade com os mais pobres. “Para viver esta identidade cristã temos de fazer escolhas e não simplesmente seguir o mercado e os contra-valores de uma cultura materialista e narcisista”, adverte o padre Amaral.
“A Igreja tem a missão de promover a caridade por meio da assistência emergencial aos pobres e organização deles e da sociedade para cobrar políticas públicas voltadas para a superação da pobreza. Não pode haver omissão, nesta tarefa, seja por parte da Igreja, seja pelo Estado. Já reafirmou o Papa Francisco que a política é a forma mais sublime da caridade”, acrescentou padre Júlio.
Comprometimento com o social
A ideia do Papa Francisco, ao instituir o Dia Mundial dos Pobres, é despertar um sentimento de compaixão para com o próximo. O desafio, porém, é despertar este sentimento na comunidade e nos fiéis. “Como disse o Papa Francisco precisamos de uma Igreja em saída que vai ao encontro dos pobres, que vai ao encontro das pessoas e se mistura com elas”, examina o padre Júlio Amaral.
As dioceses, igrejas e paróquias, por sua vez, têm um papel preponderante neste auxílio aos mais necessitados. “Precisamos de comunidades comprometidas com o social, seguindo a inspiração da Doutrina Social que bebe da Tradição e do frescor do Evangelho”, exalta o sacerdote. “Isso precisa ser conteúdo da catequese e das pregações. Depois é necessário que dioceses e paróquias incluam este elemento da fé cristã nos seus projetos e planos de ação. Ações de compaixão precisam ser refletidas e planejadas”, finaliza.