Com a pandemia de coronavírus, celebrações precisaram se adaptar à realidade da quarentena, mas festejos juninos continuam sendo celebrados
Kelen Galvan
Da redação
A Festa Junina é uma das festas típicas celebradas em todo o Brasil. E uma das datas preferidas para realizar esta festividade é o Dia do nascimento de São João Batista, celebrado nesta quarta-feira, 24.
São João Batista, juntamente com a Virgem Maria, são os únicos santos que têm a data de seu nascimento celebrada pela Igreja. Todos os outros santos são lembrados pela data de sua morte, ou seja, o nascimento para a vida eterna.
“De acordo com Jesus, ‘dentre os nascidos de mulher, ninguém foi maior do que João Batista’ (cf. Mt 11,11)”, destaca o padre Adan Mauricio, da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, de Aracaju (SE). Além de celebrar a natividade deste santo, a Igreja também celebra seu martírio em 29 de agosto.
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O sacerdote lembra que o santo foi o precursor de Jesus. “De vida radical, com seu testemunho e sua pregação, preparou a humanidade para a chegada do Salvador, sendo capaz de lhe apontar como o Messias, o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Por sua radicalidade, foi martirizado por ordem de Herodes, que lhe mandou decapitar”.
Segundo padre Adan, a história mostra que a tradição de celebrar São João veio de Portugal, quando, na colonização do Brasil, se implantou o costume de celebrar os Santos “Joaninos”, ou seja, os que estavam ligados a São João, por proximidade de datas (Santo Antônio, São Pedro e São Paulo). Porém, no Brasil, tais festejos ganharam o nome de “Juninos”, por serem celebrados no mês de Junho.
Este ano, com a realidade do isolamento social devido à pandemia de coronavírus, muitas festas juninas pelo país foram canceladas ou adiadas. No nordeste, esta tradição é muito forte e, segundo padre Adan, está “sendo doloroso” não poder celebrar a Festa Junina como era costume. Contudo, muitas famílias estão preparando as comidas típicas para a ceia dos dias 23 e 24, e 28 e 29.
Festas juninas virtuais
O desejo de manter viva a tradição e trazer alegria para as crianças motivou um grupo de mães do Rio de Janeiro a realizar uma Festa Junina virtual entre os coleguinhas de seus filhos. Além dos trajes típicos, as mães promoveram brincadeiras e comidas juninas.
“Resolvemos fazer um arraial on-line, foi meio improvisado. Meu filho tinha feito milhos de origami, e ele falou, mãe: ‘vamos fazer uma festa aqui junina e a gente convida as pessoas pela internet’. A turminha da escola animou. Ficamos pensando o que fazer de brincadeiras, pensamos ‘vamos fazer uma fogueira’. E enquanto procurávamos as bandeirinhas para a ornamentação achamos aqueles sacos grandes de colocar os presentes recebidos em festa de aniversário, e lembramos que o pai do meu esposo costumava pegar sacos de batata para fazer corrida de sacos, e improvisamos a brincadeira de pula-saco. E acabou ficando bem legal, no final foi bem divertido”, conta Priscilla Gondim Franco Morani.
A cidade do Rio de Janeiro, ficou em quarentena desde o dia 24 de março, mas desde o dia 2 de junho vive uma flexibilização, com a retomada gradual das atividades.
Para Priscilla, a realidade da quarentena foi positiva pela oportunidade de estar mais próxima dos filhos. “Eu gastava muito tempo de deslocamento até o trabalho, e ficava ausente de casa, então a quarentena tem ajudado neste sentido, de poder estar em casa e conviver mais com eles”.
Outra iniciativa foi do Instituto Canção Nova, em Cachoeira Paulista (SP). Algumas turmas da educação infantil vivenciaram uma semana de atividades diferenciadas em ritmo de festa junina, com sugestões de brincadeiras para fazer em família e receitas típicas.
Uma experiência marcante foi a festa virtual promovida pela professora Mayara Gonçalves Martins, com seus alunos de 5 anos. Ela conta que, durante todo o mês de junho, seus alunos foram conhecendo um pouco sobre a vida dos santos que se comemoram neste mês e para fechar todo esse aprendizado realizaram esse momento online.
“Caracterizados de caipirinhas, os alunos partilharam, durante 30 minutos, o que cada um mais gostava em festa junina e também teve a dança”, conta a professora.
A educadora afirma que esse momento levou para a turma alegria, entusiasmo e uma nova disposição para continuar a viver esse tempo de isolamento social.
Mayara recorda que, todos os anos, havia muita expectativa para a festa junina realizada pela escola, com as apresentações dos alunos, os eventos de diversidades culinárias e brincadeiras que reuniam as famílias com muita alegria. E destaca que, diante disso, “preservar essa celebração junina diz muito da nossa cultura escolar”.
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