Campanha acontece desde 2017; epidemia de AIDS completa 40 anos
Denise Claro
Da redação
No mês dezembro acontece, a cada ano, a Campanha Dezembro Vermelho. A iniciativa, instituída pela Lei nº 13.504/2017, marca uma grande mobilização nacional na luta contra o vírus HIV, a Aids e outras IST (infecções sexualmente transmissíveis), chamando a atenção para a prevenção, a assistência e a proteção dos direitos das pessoas infectadas com o HIV.
No dia 1° de dezembro, Dia Mundial de combate à Aids, o Papa Francisco abordou o tema, e pediu uma maior atenção à acessibilidade ao tratamento.
“É uma importante ocasião para recordar as muitas pessoas acometidas por este vírus, para muitas das quais, em algumas regiões do mundo, não está disponível o acesso aos tratamentos essenciais. Faço votos por um renovado empenho solidário para garantir tratamentos de saúde équos e eficazes.”
O secretário executivo nacional da Pastoral da AIDS, Evandro Ferreti, afirma que quando o Papa faz esse alerta, se observa quantas desigualdades sociais ainda há no mundo. E lembra que quando a pessoa tem acesso ao tratamento e o realiza de forma correta, a doença não evolui. Por isso a importância do tratamento.
Pastoral da AIDS
Ferreti explica o trabalho da Pastoral no Brasil, que surgiu em 2002. “A Pastoral é um serviço da Igreja organizado justamente para ajudar nos desafios que a epidemia da AIDS apresenta para a sociedade. Tem como base a fé em Jesus Cristo, e seu objetivo é garantir o acolhimento, o enfrentamento, principalmente para combater os estigmas e o preconceito, que ainda existe e é assustador. Nosso foco principal é o ser humano.”
Ferreti conta que a Pastoral promove diversas iniciativas sociais e espirituais nesta área. “Promovemos oficinas, seminários, capacitação de novos agentes, e ações que promovem a cultura do cuidado. Enquanto Igreja somos chamados a um trabalho de conscientização e também a realizar diversas ações de base comunitária que levem à divulgação de informações, a várias formas de prevenção e conscientização dos riscos para a sociedade. Ser sinal da presença misericordiosa de Deus e promover o acesso aos direitos, às responsabilidades, que visam uma melhor qualidade de vida para os pacientes e familiares.”
Amar e Servir é o tema da campanha Acolhida e Solidariedade 2021 promovida pela Pastoral da Aids. A campanha traz ainda como lema “Quando cada um faz um pouco, o pouco de muitos se soma”, palavras da padroeira da pastoral, Santa Dulce dos Pobres.
A AIDS
O HIV é um vírus que se espalha por meio de fluídos corporais e afeta células específicas do sistema imunológico. Sem o tratamento antirretroviral, o vírus afeta e destrói essas células e torna o organismo incapaz de lutar contra infecções e doenças.
A infectologista Dra. Otília Lupi lembra que a AIDS surgiu nos anos 80, portanto, há 40 anos.
“Estamos chegando a este tempo com grandes sucessos, tanto de tratamento, quanto de medidas preventivas bastante eficazes. A grande novidade no combate à infecção pelo HIV hoje é a incorporação de métodos baseados em remédios que previnem a transmissão entre pessoas que ainda são soronegativos. Além disso, nos últimos anos, a introdução de várias drogas de grupos químicos novos já apontam a possibilidade de em breve alcançar um esquema que possa ser curativo.”
A especialista frisa que, apesar de atualmente o mundo viver uma pandemia e um impacto de número de mortos muito alto, o coronavírus não matou nem um décimo do que a AIDS matou nos últimos 40 anos.
“E a AIDS matou muitos jovens. Ainda há muitos países em que não há acesso ao tratamento. Há a busca de drogas cada vez mais potentes e menos tóxicas, e de que países mais pobres tenham acesso a esse tratamento.”
Avanços
Em relação ao Brasil, ela afirma que o país é um exemplo de sucesso em relação ao HIV.
“Nós conseguimos reverter a curva epidêmica de óbito por HIV e impactar também na transmissão. Isso teve um impacto enorme. O Brasil sempre disponibilizou drogas de última geração e sempre ofertou o tratamento acolhedor, gratuito e sigiloso, porque isso também é muito importante. Hoje temos como meta ampliar a testagem, oferecer um tratamento pré-exposição, o tratamento para todas as pessoas soropositivas e o tratamento pós-exposição, principalmente para crianças, evitando a transmissão materno-infantil.”