Entenda um pouco mais sobre como os cristãos podem contribuir para a preservação da natureza, compreendendo-a como obra de Deus
André Cunha
Da redação
Na semana do Meio Ambiente, o bispo de Roraima (RO), Dom Roque Paloschi, afirmou que os cristãos sem responsabilidade ecológica são, sem sombra de dúvidas, um contratestemunho para o mundo.
A afirmação se deu no contexto da série especial sobre meio ambiente produzida pela equipe do noticias.cancaonova.com para esta semana. O bispo de Roraima conversou com a nossa equipe sobre o assunto e ensinou como a espiritualidade cristã contribui na preservação ambiental.
Leia a primeira reportagem da série:
.: Saiba como a urbanização tem afetado o clima no planeta
Dom Roque foi um dos bispos brasileiros que participaram do encontro sobre a nova encíclica do Papa Francisco, que tratará do tema da ecologia. O documento do Papa deve ser publicado neste mês.
Ele explicou, lembrando as palavras do Pontífice, que Deus “constituiu o homem como custódio da criação”. Ou seja, uma espécie de zelador do “jardim” do Criador. Mas, infelizmente, “nós estamos destruindo o jardim, a nossa casa comum”, disse o bispo.
Porém, é possível reverter esse quatro dando atenção a uma ação do Espírito Santo no homem, citada pelo Papa na Solenidade de Pentecostes: a de “renovar a face da Terra”.
“Isso é possível, sobretudo, tendo consciência de que nós somos criaturas. Ele é o Criador e convida a zelarmos por toda a criação. O Espírito Santo nos chama também a sermos pessoas que saibam cuidar daquilo que não é nosso, mas de todas as criaturas”, explicou dom Roque.
O bispo lembrou uma citação do povo Ianomâmi que diz: “Se nós destruirmos a mãe natureza, estaremos destruindo a nós mesmos”. Nesse sentido, afirmou: “Precisamos nos deixar conduzir por este Espírito para cuidar de toda a criação”.
Como ser custódio da criação?
Dom Roque disse que questões como a dengue, o uso abusivo de agrotóxico, o desmatamento e outras ações que destroem a natureza também são responsabilidade do povo e não só das autoridades do país.
“A nossa Pátria amada é campeã no uso abusivo de agrotóxico, então isso tem também uma responsabilidade, porque estamos exaurindo, acabando com os recursos naturais. Nós sempre pensamos que os recursos da natureza não têm fim. Tem sim, senhor! Eles acabam também”, lembrou.
Para o bispo, a participação dos católicos em organizações sociais voltadas para o trabalho de preservação ambiental é uma boa alternativa. Mas ele lembra que, antes de tudo, o cuidado com a natureza é próprio de quem é batizado.
“Francisco de Assis, há praticamente 800 anos, chamou-nos para essa responsabilidade. Além da Doutrina da Igreja e daquilo que os santos padres já disseram sobre isso. Então, mais do que se espelhar nas Ongs ou movimentos ambientalistas, nós temos de ter essa consciência que é do nosso próprio batismo: a condição de vivermos essa profunda harmonia e comunhão com a obra do Criador”.
Dom Roque pertence a uma região tomada pela floresta Amazônica, compondo os 60% do total pertencente ao Brasil. Diante disso, o bispo faz um apelo ao restante do país, sobretudo, aos cristãos:
“Respeitemos as obras de Deus! Sobretudo, que não olhemos a Amazônia como um quintal do Brasil onde nós vamos buscar recursos para suprir a nossas deficiências. Precisamos olhar a Amazônia como a olham os homens da Amazônia. Um olhar que deseja continuar convivendo com essa região que é bonita, exuberante, mas que está sendo agredida e destruída por grandes projetos movidos pela ganância do capital, que não têm ética e piedade diante dos povos desta região”.
Confira, nesta quinta-feira, 4, a terceira reportagem da série sobre ecologia, que abordará o uso sustentável dos aquíferos no Brasil.