A primeira santa do Brasil completa, este ano, 20 anos de sua canonização; e no dia em que a Igreja comemora sua memória litúrgica, grandes são as comemorações em âmbito civil e religioso
Da redação com CNBB
A Igreja recorda, neste sábado, 9, a memória litúrgica de Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus, italiana que viveu no Brasil, onde dedicou sua vida ao serviço aos mais necessitados e fundou a Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição. Ela foi beatificada pelo Papa João Paulo II em 1991, quando o Papa visitou, oficialmente, o Brasil. Depois, o mesmo Pontífice canonizou-a em 2002, tornando-se, assim, a primeira santa do Brasil.
Biografia
Nessa época, começava a emigração dos italianos, movida pela doença e carestia que assolava a região. Foi o caso da família de Amábile, nome de batismo de Santa Paulina, que, em setembro de 1875, escolheu o Brasil e o local onde muitos outros trentinos já haviam se estabelecido no Estado de Santa Catarina, em Nova Trento, na pequena localidade de Vigolo.
Leia mais:
.: Igreja e fiéis celebram 20 anos de canonização de Madre Paulina
.: Santa Paulina receberá título de cidadã paulistana por obra de caridade
Assim que chegou, Amábile conheceu Virgínia Rosa Nicolodi, e tornaram-se grandes amigas. As duas se confessam apaixonadas pelo Senhor Jesus e não era raro encontrá-las, juntas, rezando fervorosamente. Fizeram a primeira comunhão no mesmo dia, quando Amábile já tinha completado doze anos de idade.
Logo em seguida, o padre Servanzi a iniciou no apostolado paroquial, encarregando-a da catequese das crianças, da assistência aos doentes e da limpeza da capela de seu vilarejo, Vigolo, dedicada a São Jorge. Mas mal sabia o padre que estaria confirmando a vocação da jovem Amábile para o serviço do Senhor.
Amábile incluía, sempre, Virgínia nas atividades para ampliar o campo de ação. Dedicava-se de corpo e alma à caridade, servia consolando e ajudando os necessitados, os idosos, os abandonados, os doentes e as crianças. As obras já eram reconhecidas e notadas por todos, embora não soubesse que já se consagrava a Deus.
Com a permissão de seu pai, construiu um pequeno casebre, num terreno doado por um barão, próximo à capela, para lá rezar, cuidar dos doentes, instruir as crianças. A primeira paciente foi uma mulher portadora de câncer terminal, a qual não tinha quem lhe cuidasse. Era o dia 12 de julho de 1890, data considerada como o dia da fundação da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, que iniciou com Amábile e Virgínia atuando como enfermeiras.
A Congregação
Essa também foi a primeira congregação religiosa feminina fundada em solo brasileiro, tendo sido aprovada pelo bispo de Curitiba em agosto 1895. Quatro meses depois, Amábile, Virgínia e Teresa Anna Maule, outra jovem que se juntou a elas, fizeram os votos religiosos; e Amábile recebeu o nome de irmã Paulina do Coração Agonizante de Jesus. Também foi nomeada superiora, passando a ser chamada de madre Paulina.
A santidade e a vida apostólica de madre Paulina e de suas irmãzinhas atraíram muitas vocações, apesar da pobreza e das dificuldades em que viviam. Além do cuidado dos doentes, das crianças órfãs, dos trabalhos da paróquia, trabalhavam também na pequena indústria da seda para poderem sobreviver.
Em 1903, com o reconhecimento de sua obra, madre Paulina foi convidada a transferir-se para São Paulo. Fixando-se junto a uma capela no bairro do Ipiranga, iniciou a obra da “Sagrada Família” para abrigar os ex-escravos e seus filhos depois da abolição da escravatura, ocorrida em 1888. Em 1918, madre Paulina foi chamada à Casa-geral, em São Paulo, com o reconhecimento de suas virtudes, para servir de exemplo às jovens vocações da sua congregação. Nesse período, destacou-se pela oração constante e pela caridosa e contínua assistência às irmãzinhas doentes.
Em 1938, acometida pelo diabetes, iniciava um período de grande sofrimento, iniciando com a amputação do braço direito, até a cegueira total. Madre Paulina morreu serenamente no dia 9 de julho de 1942, na Casa-geral de sua congregação em São Paulo.
Ela foi beatificada pelo Papa João Paulo II, em 1991, quando o Papa visitou, oficialmente, o Brasil. Depois, o mesmo Pontífice canonizou-a em 2002, tornando-se, assim, a primeira santa do Brasil.
Ano jubilar
Para comemorar o ano jubilar, os 20 anos da canonização de Santa Paulina, a Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, instituição religiosa fundada pela santa, organizou uma exposição de arte, que antecede a entrega do Título de cidadã Paulistana, pelos serviços prestados a cidade de São Paulo, de 1903 a 1942.
A Abertura oficial da Exposição: O Rosto Feminino do Sagrado na arte Bizantina, do artista Marco Funchal, aconteceu na última quinta-feira, 7, em São Paulo (SP), e estará aberta a visitação entre os dias 7 a 10 de julho de 2022, das 7h às 21h. A entrada é franca.
Ela trará vários ícones que fazem referência as Nossas Senhoras de diversos títulos, bem como alguns painéis que retratam a vida de Santa Paulina. O artista Marco Funchal é formado em arquitetura, mas, desde o início de sua carreira, aflorou seu gosto pela arte sacra, pelo Brasil afora suas obras estampam diversos templos e igrejas, como o Santuário de Nossa Senhora Aparecida.
Cidadã Paulistana
No dia 6 de agosto, A Câmara dos Vereadores de São Paulo entregou o título de Cidadã Paulistana (póstumo) à Santa Paulina, em reconhecimento pelos trabalhos sociais e de promoção da vida, realizado por ela e pelas Irmãs de sua Congregação.