Nelson Giovanelli foi nomeado pelo Papa no último sábado, 17, membro da Comissão para Proteção de Menores
Julia Beck
Da redação
O fundador, junto ao frei Hans, da Fazenda da Esperança, Nelson Giovanelli Rosendo dos Santos, se mostra maravilhado diante de sua nomeação para a Comissão para Proteção de Menores. Ele é o único brasileiro convidado pelo Papa Francisco para integrar a comissão, e teve sua nomeação anunciada no último sábado, 17. “Foi um susto!”, relembrou.
“Estava tranquilamente com o frei Hans e os nossos irmãos da nossa casa, tomando café, quando de repente vi uma chamada dos Estados Unidos. Era o cardeal O’ Marley, que se apresentou (…) com um perfeito português. Logo tomei um susto. Ele de uma forma paterna e franciscana logo entrou no assunto dizendo que o Santo Padre indiciou meu nome e perguntou se eu aceitaria”, relatou Giovanelli.
De acordo com o brasileiro, após consultar seus irmãos consagrados e responsáveis, o convite foi aceito. “Liguei para dizer meu sim, foi quando ele [O’ Marley] me explicou as coisas concretas do ponto de vista da nomeação e me pediu silêncio. A nomeação só deveria sair depois, então eu não imaginava que fosse tão veloz porque foi logo no sábado subsequente” contou.
Giovanelli vê no chamado de Francisco um reconhecimento da Igreja às instituições e obras que nasceram para a proteção dos menores, adolescentes e de pessoas vulneráveis. Como um dos fundadores da Fazenda da Esperança, o brasileiro acredita que a sua experiência nestes 35 anos de acompanhamento de mais de 30 mil jovens e adolescentes que passaram pela dependência química contribuirão para o grupo formado pelo Pontífice.
“Nessa experiência de anos constatamos que grande parte daqueles que entraram nas dependências químicas entraram por conta de sofrimentos, inclusive abusos que sofreram na sua infância e adolescência”, relatou Giovanelli. Ele disse que admira a postura do Santo Padre de se preocupar com a problemática e criar, em 2013, uma comissão para poder fazer com que casas, famílias e a igreja sejam lugares seguros para crianças, adolescentes e adultos. “A Igreja é mãe e como mãe não poderia fazer outra coisa a não ser criar formas de proteger seus filhos”, refletiu.
A Comissão
Segundo o brasileiro escolhido pelo Papa, a Comissão para Proteção de Menores tem três objetivos, o primeiro deles é ajudar na cura e cuidado das vítimas e das famílias, depois orientar as igrejas locais na proteção dos menores e também auxiliar na educação de líderes que trabalham na tutela dos menores. Estes objetivos são conquistados, de acordo com Giovanelli, por meio da partilha de experiências e de resultados vividos pelos membros da comissão.
As reuniões da comissão acontecem em Roma, duas vezes ao ano, sendo que a primeira de 2018 acontecerá do dia 19 a 23 de abril. Nos dois dias subsequentes desta data, membros participarão de grupos de escuta das vítimas, vivência que segundo Giovanelli, será essencial para dar luz aos trabalhos.
O representante brasileiro destacou o cuidado do Papa em chamar membros de todos os continentes como uma atitude maravilhosa, e mostrou grande expectativa para o início dos trabalhos. “A expectativa é de poder construir um ambiente de família com a comissão, é um grupo maravilhoso! Não guardar para nós as alegrias que durante estes anos colhemos na Fazenda da Esperança é muito bom, mas mais importante ainda é receber a experiência de todos os lugares de onde estes membros fazem parte”, comentou.