Viagem de Dilma

China incentivará importados de maior valor do Brasil

A China se comprometeu a incentivar o aumento das importações de produtos de maior valor agregado do Brasil, segundo comunicado conjunto dos dois países divulgado nesta terça-feira, 12, durante visita da presidente Dilma Rousseff a Pequim.

A diversificação das exportações à China é uma das principais reivindicações do setor produtivo nacional, que reclama do domínio de produtos básicos, como commodities, na pauta de vendas ao país asiático.

"A parte chinesa manifestou disposição de incentivar suas empresas a ampliar a importação de produtos de maior valor agregado do Brasil", afirmou comunicado divulgado pelo Ministério de Relações Exteriores.

No ano passado, 83% das exportações brasileiras à China foram de produtos básicos, enquanto 98% das importações foram de produtos manufaturados.

Já o Brasil reafirmou o compromisso de tratar com rapidez a questão do reconhecimento da China como economia de mercado, segundo o comunicado conjunto.

Em 2004, o governo brasileiro declarou reconhecer a China mas não formalizou a decisão. A posição é contestada por empresários brasileiros, que acusam exportadores chineses de práticas desleais, como dumping.

Outra questão sensível aos exportadores brasileiros, o valor baixo do iuan, não foi mencionada no comunicado.

Os países também reiteraram o compromisso com as negociações para a conclusão da Rodada de Doha e em ampliar os investimentos recíprocos em diversas áreas, como tecnologia, energia, mineração, logística e setor automotivo.

A presidente Dilma Rousseff defendeu ainda que o crescimento e a estabilidade da economia mundial "dependem de uma relação equilibrada entre as partes" e afirmou que nenhum país pode assegurar sua "prosperidade" às custas de outros.

"No mundo interdependente de nossos dias, nenhum país pode aspirar ao isolamento nem assegurar sua prosperidade a expensas de outros" afirmou a presidente, segundo divulgou o Blog do Planalto.

"A estabilidade e o crescimento da economia mundial dependem de um relacionamento equilibrado entre as partes", afirmou Dilma, no encerramento de seminário empresarial Brasil-China, em Pequim. A presidente disse ainda que a visita à China inaugura um novo capítulo no relacionamento bilateral.

Mais cedo, Dilma destacou uma nova etapa nas relações com a China, citando um "salto de qualidade num modelo de cooperação que tivemos até agora". Ela defendeu parcerias não só comerciais, mas também em pesquisa, tecnologia e desenvolvimento de produtos com tecnologia binacional.

"É certo que o Brasil é um dos grandes países produtores de alimentos no mundo. É certo também que não contamos só com os recursos naturais", disse durante abertura de evento sobre ciência e tecnologia.

Segundo o governo brasileiro, os acordos acertados durante a viagem chegam a 1 bilhão de dólares, que incluem investimento de 300 milhões de dólares em Barreiras, na Bahia, destinado a uma fábrica de processamento de soja, e outros 300 milhões de dólares em uma planta de produção de equipamentos de informação, em Goiás.

A presidente viajou à China com uma comitiva de ministros e empresários com o objetivo de reforçar os laços comerciais e equilíbrio nas relações e parcerias entre os dois países. Dilma estará na China até o dia 15. Na quinta-feira, participa de reunião de cúpula do Brics, grupo que reúne também Rússia e Índia, além do novo membro África do Sul.

ONU e direitos humanos

O objetivo do Brasil de conseguir um assento permanente no Conselho de Segurança da Organização da Organização das Nações Unidas (ONU) não recebeu apoio formal dos chineses.

Apesar de defender, junto com o Brasil, a necessidade de reforma na entidade, o governo chinês disse apenas que "compreende e apoia a aspiração brasileira de vir a desempenhar papel mais proeminente nas Nações Unidas".

Em relação à questão dos direitos humanos, tema sensível aos chineses, os países fortalecerão "consultas bilaterais e promoverão o intercâmbio de experiências e boas práticas".

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