Utilizada por quase 52 milhões de brasileiros, essa forma de pagamento pode ser um grande aliado ou um grande vilão para o orçamento familiar
Jéssica Marçal
Da Redação
O cartão de crédito é uma das formas de pagamento muito utilizadas hoje em dia. No Brasil, são quase 52 milhões de brasileiros pagando suas contas desse jeito, conforme revelou uma pesquisa divulgada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) no fim da semana passada.
O estudo fez um levantamento dos hábitos de compra do consumidor e das vantagens e desvantagens do cartão de crédito. Embora muito usual, é preciso avaliar os prós e contras dessa linha de crédito oferecida hoje no mercado. Segundo o consultor financeiro Rogério Nakata, o primeiro ponto a observar é que o cartão de crédito não é uma despesa, e sim uma forma de pagamento das despesas.
O chamado “dinheiro de plástico”, como intitula Nakata, funciona como um aliado, por exemplo, ao proporcionar a concentração dos pagamentos em uma única data. Além disso, é uma boa opção quando se pensa na segurança, uma vez que substitui a necessidade de carregar dinheiro na bolsa, e nos benefícios que pode trazer, como o caso do acúmulo de milhas para a compra de passagens aéreas. Mas nem tudo são flores.
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Segundo a Confederação Nacional do Comércio, o cartão de crédito representa 55% do endividamento das famílias. “Ele é um vilão quando as pessoas simplesmente gastam, não têm nenhum tipo de controle financeiro. Quando chega a fatura, não conseguem pagar de forma integral, tendo de levar isso para o próximo mês, somando juros do crédito rotativo, que hoje está na faixa de 290% ao ano”.
A taxa de juros, inclusive, é desconhecida por quase todos os usuários de cartão de crédito. Dos entrevistados na pesquisa divulgada pelo SPC, 96% disseram que não sabem qual é a taxa de juros mensal quando se opta pelo pagamento mínimo da fatura.
Outro dado da pesquisa é a média de quase dois cartões de crédito por pessoa, o que se torna uma armadilha para o orçamento quando a pessoa não tem um planejamento financeiro. O consultor explica que é preciso colocar uma meta para cada gasto, ou seja, estabelecer um limite para a compra do supermercado, para os presentes e as refeições fora de casa, e anotar cada item para saber o quanto já foi gasto em cada cartão.
Cartão de crédito em família
O controle do cartão de crédito pode ficar ainda mais complicado quando se trata das despesas da família. Gastos dos pais, da casa, somados aos gastos dos filhos se misturam e podem causar um certo descontrole das finanças. Uma opção existente seria o cartão adicional, para que cada um controle seus gastos. Mas segundo Nakata, é preciso cuidado na decisão dos pais de dar um cartão de crédito aos filhos.
“O momento mais adequado para fazer isso é quando eles adquirem uma educação financeira, um amadurecimento com relação a esses gastos, que deve acontecer por volta dos 16, 18 anos. E isso varia de família para família”.
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Além de contar com a responsabilidade dos jovens, é preciso que também os pais sejam responsáveis com o uso do cartão, ressalta Nakata, já que eles são exemplo para os filhos. “Tudo aquilo que eles fizerem de errado com o uso do cartão ou com gastos exacerbados vai refletir na atitude e no comportamento dos filhos”.
Uma última orientação dada pelo consultor financeiro é sobre o hábito de emprestar cartão de crédito. Nakata diz que não se deve adotar essa prática; primeiro, por causa do risco de inadimplência da parte de quem faz o empréstimo. Segundo, por questões de segurança, pois o cartão pode ser clonado, perdido ou roubado, e a senha pode ser extraviada.
“É preciso ter muito cuidado, evitar qualquer tipo de empréstimo, seja do cartão de crédito ou seja ser avalista de alguém, porque isso pode dar uma dor de cabeça enorme para as pessoas lá na frente”.