De dezembro a março, a região sudeste enfrenta um intenso período de chuvas. As altas precipitações aliadas à falta de um plano de gestão de risco dos municípios têm consequências desastrosas. Além das inúmeras mortes, casas são completamente destruídas, morros cedem, e transformam as cidades em verdadeiros rios de lama e escombros. Com isso, uma grande quantidade de pessoas fica desabrigada e carente das mais básicas necessidades.
Diante desse cenário, a Cáritas Brasileira – organismo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) –, juntamente com os parceiros locais, tem tido importante atuação no atendimento às demandas da população afetada.
Minas Gerais
A maior parte dos municípios atingidos pelas fortes chuvas não tem estrutura para suportar os estragos. Como por exemplo, em Leopoldina (MG), na Zona da Mata, que todos os anos sofre com inundações e não há estudo ou mapeamento da situação das barragens na região. Lá os danos são, em sua maioria, provenientes do excesso de água das barragens, que têm suas comportas abertas, sem o devido planejamento para evitar prejuízos à população.
“A cidade praticamente desapareceu do mapa”, afirma um voluntário de Cáritas Diocesana que esteve no município. A cidade ficou isolada, sem possibilidades de acesso nem de locomoção de seus habitantes, pois a ponte que liga a cidade a outras regiões foi destruída, assim como todos os equipamentos públicos foram destruídos. Houve dois óbitos.
Em outros municípios de Minas Gerais também houve outras ações da Cáritas. Em Guidoval, por exemplo, foi formada uma comissão de emergência com a participação das igrejas (que mais acolhe os desabrigados), da sociedade e dos governos.
Em Patrocínio, a Igreja abriu todos os espaços para abrigar as famílias afetadas, e em Muriaé, assumiu a coordenação para o atendimento aos desabrigados.
Atendimento às vítimas
Diante desse cenário, torna-se imprescindível a ajuda do estado para sua recomposição. O assessor Nacional de Gestão de Riscos e Emergenciais, da Cáritas, José Magalhães de Souza explica que a instituição atua junto à população tanto de forma emergencial, quanto em ações em longo prazo.
Logo após os incidentes, os desabrigados são acolhidos nas paróquias, onde têm supridas suas necessidades básicas imediatas, com os esforços da solidariedade local. “Fazemos uma mobilização de equipes de voluntários, para recolher donativos, como colchões, alimentos e produtos de limpeza. Em um primeiro momento, essas são as principais necessidades nos abrigos provisórios”, explica Magalhães.
O trabalho realizado pela Cáritas vai além de sanar as emergências com medidas paliativas. Depois do atendimento imediato após as chuvas, a instituição também atua em parceria com programas do governo, como o ‘Minha Casa minha vida’, construindo e reconstruindo casas para as famílias desabrigadas.
“Muitas famílias perderam tudo, fogão, geladeira, móveis, utensílios domésticos. Então, além da casa, há a necessidade da recomposição desses equipamentos do lar”, esclarece Magalhães.
O processo que seleciona as famílias para receber a casa segue critérios rigorosos. “Fazemos o levantamento das condições das necessidades de cada família, priorizando mulheres, grávidas e idosos”, afirma o assessor.
Como as regiões afetadas pelas enchentes recebem uma verba emergencial, comumente sem licitação, a Cáritas, em parceria com o Ministério Público e outras entidades, realiza o controle social dos recursos destinados às emergências, evitando o desvio desse dinheiro.
De acordo com Magalhães, o principal problema não é apenas o volume de chuva. “A grande questão é que os municípios não realizam um plano de redução de risco, como o mapeamento das áreas. As comportas são abertas e sem que a população seja avisada”, revela.
A Cáritas Brasileira integra a Rede Caritas Internationalis – presidida pelo cardeal Oscar Rodriguez Maradiaga –, expressão da atuação social da Igreja. No Brasil, a entidade e presidida pelo Bispo de Abaetetuba (PA), Dom Flávio Giovenale, e reconhecida como de utilidade pública federal no Brasil.