Antônio Marcelo Souza conta sua experiência como médico em Gaza; “os palestinos precisam muito de todos nós”, afirmou
Julia Beck
Da redação
“Foi simplesmente marcante e inesquecível”. A frase é do cirurgião de oncologia ortopédica, Antônio Marcelo Souza, que trabalhou de modo voluntário em Gaza, na Palestina, entre os dias 17 e 24 de abril. O brasileiro participou da missão por meio da Palestine Children’s Relief Fund (PCRF), organização não governamental (ONG) americana, depois de ser recomendado por outro colega para tratar pacientes palestinos com câncer de ossos e treinar os cirurgiões locais.
O médico fez história sendo o primeiro ortopedista oncológico a ir até Gaza. Para Souza, esta foi uma oportunidade de semear a importância desta especialidade no local. Sobre o país, o brasileiro define como pontos negativos a falta de liberdade e a precariedade da área da saúde. “É impressionante porque, em pleno século XXI, as pessoas vivem como se estivessem numa prisão a céu aberto, pois não têm permissão para sair ou entrar, salvo raríssimas exceções de casos de doenças gravíssimas. Os israelenses controlam tudo desde a água e a luz, até a própria liberdade de ir e vir”, contou.
“A situação de tudo e sobretudo da saúde é simplesmente crítica, desesperadora”, completou o médico. Segundo Souza, a situação vivida na Palestina só se assemelha à época em que viveu na Alemanha Ocidental. “Só vi algo parecido na época em que vivi na Alemanha Ocidental e quando ia a Berlim, na época dividida em duas partes, com o lado oriental, comunista. Era como se fosse uma ilha também. Inimaginável”.
A coragem acompanhou o brasileiro durante o período que esteve em Gaza: “Não conheço a palavra medo, muito menos quando se trata de ajudar ao próximo”.
Sobre a recepção no país, o médico conta que foi muito bem recebido. “Hiper acolhedor”, comentou o brasileiro sobre o povo palestino.
Aos interessados em viver a mesma experiência de Souza, o médico afirma que pode intermediar qualquer médico que se disponha a enfrentar o desafio. “Os palestinos precisam muito de todos nós”, reforçou. O brasileiro afirma que mesmo tendo concluído a missão, com certeza retornaria. “Os colegas já começaram a fazer a lista de espera. Qualquer programa similar que reúna condições para que eu seja útil em qualquer parte do mundo, me colocarei à disposição”, concluiu.