Especialistas falam sobre a data e avaliam o que comemorar e o que melhorar no país
Denise Claro
Da redação
Nesta segunda-feira, 07, o Brasil comemora os 193 anos de independência. O dia 7 de setembro é conhecido por muitos como o dia dos desfiles dos estudantes e militares pelas cidades, data em que é comemorado o Grito do Ipiranga.
O Brasil de 1822 ainda era dependente da metrópole. Em 9 de janeiro deste mesmo ano, D. Pedro I recebeu uma carta das cortes de Lisboa, exigindo seu retorno para Portugal. D. Pedro respondeu negativamente, no que ficou conhecido como o Dia do Fico: “Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao povo que fico.” Após este acontecimento, D. Pedro tomou uma série de medidas que não agradaram a corte, pois preparavam já caminho para a independência do Brasil. No dia 7 de setembro de 1822, durante uma viagem que fazia entre Santos e São Paulo, D. Pedro recebeu uma nova carta de Portugal que anulava a Assembleia Constituinte que havia convocado e exigia sua volta imediata para a metrópole. Próximo ao riacho do Ipiranga, levantou a espada e gritou: “Independência ou Morte!”. O fato marcou a Independência do Brasil e em dezembro do mesmo ano, D. Pedro foi declarado imperador do país.
A data comemorada hoje é um dos fatos mais importantes da história do Brasil, pois marca o fim do domínio português e a conquista de autonomia política. Mas como está o país hoje? Há motivos para comemoração?
Para a historiadora Magda Maria Ricci, a independência daquela época tentou construir a pátria Brasil, o que ainda hoje é o objetivo dos brasileiros: “Naquela época, tentou-se construir uma identidade nacional, uma pátria. Atualmente, os brasileiros têm ido às ruas em busca de uma pátria melhor. Um ponto importante a ressaltar é a identidade nacional, uma das maiores riquezas do nosso país. É impressionante que um país como o nosso, com essa diversidade enorme, tenha essa identidade comum. O povo brasileiro tem lutado e buscado esse objetivo em comum.”
Acerca da crise que o Brasil vive hoje, o cientista político e economista Maurício Cardoso afirma que as perspectivas para o futuro do país são positivas: “Toda crise faz parte de um processo de adaptação e se torna um desafio para os governos, que precisam oferecer respostas cabíveis a esta transformação. Há um consenso entre os analistas hoje, que vêem essas crises como comuns, passageiras, que levam os países a refletir e muitas vezes melhorar, pois detectam onde está o erro. É isso que se espera do Brasil, pois a crise que o país vive hoje é especialmente uma crise entre os três poderes, principalmente entre o legislativo e o executivo.” Cardoso ainda lembra a importância da data: “O 7 de setembro é a comemoração da soberania de um país, da identidade de uma nação. E o Brasil têm mostrado para o mundo uma maturidade muito grande em relação a isso. O 7 de setembro deste ano deve ser um momento de reflexão para os governantes e para os brasileiros de um modo geral.”
Magda lembra que a história do país foi marcada por conquistas que não podem ser esquecidas, mas que há o que melhorar: “Neste dia, há muito o que comemorar. Muita coisa boa conquistamos. Por exemplo, aquele Estado era escravocrata, havia muita desigualdade jurídica. Hoje há uma maior liberdade. Especialmente depois da Constituição de 88, houve uma reviravolta no conceito de cidadão. Juridicamente em nossa História caminhamos muito. Mas hoje é claro que o país precisa melhorar no cumprimento da Lei. A Lei existe, mas deve ser cumprida: é isso o que o brasileiro quer quando vai às ruas. Precisa-se ter uma noção de pátria que não fique só no papel.”