A primeira Coletiva de Imprensa da 48ª Assembleia da CNBB, na tarde desta terça-feira, 4, abordou o tema central do encontro dos bispos: “Discípulos e servidores da Palavra de Deus e a missão da Igreja no mundo”, a revisão das diretrizes da ação evangelizadora na Igreja no Brasil e a questão da reforma agrária, um dos temas prioritários da assembleia. Além desses assuntos, após a coletiva, os bispos também falaram sobre pedofilia.
Dirigiram-se aos jornalistas o Arcebispo de Porto Alegre (RS), Dom Dadeus Grings; o Bispo de Colatina (ES), Dom Décio Zandonade, e o Bispo de Araçuaí (MG), Dom Severino Clasen.
O Arcebispo de Porto Alegre destacou que a assembleia está discutindo o tema central, que já foi abordado pelo último Sínodo, com o intuito de fazer uma animação de todas as pastorais da Igreja a partir da Palavra de Deus, da Bíblia, enfim, a partir de Jesus Cristo, porque essa é a missão da Igreja. “Nossa missão primordial é transmitir a Palavra de Deus, transmitir Jesus, que é o rosto humano de Deus e, ao mesmo tempo, o rosto divino do homem”.
“O ser humano tem, inerente a si, uma tendência profunda para Deus, para a eternidade e, a Igreja tem essa missão de fazer a conexão com o Senhor e mostrar que isso é uma realidade que traz muita alegria (…) A essência da vida cristã é o amor. Se conseguíssemos levar as pessoas a se amarem seríamos uma civilização do amor, na qual todos veriam no rosto do outro um irmão”, enfatizou o prelado.
Sobre a reforma agrária, Dom Décio explicou que os bispos não devem chegar a um documento definitivo sobre o assunto, mas que é um tema muito importante e será retomado com grandes reflexões ao longo da assembleia e, principalmente, dos próximos anos, a ponto de tentar clarear essa questão, vital para milhões de pessoas.
Pedofilia
“O que nos envergonha é também o que nos leva a ter esperança de novos tempos”, declarou Dom Severino, enfatizando que “essa realidade nos frustra enquanto Igreja e nos machuca muito. “[A pedofilia] é um crime, mas não seria o momento oportuno para que a sociedade bata no peito e comece a eliminar a cultura de morte e valorizar a cultura da vida? A sociedade hoje precisa dar uma nova guinada, ela está perdendo a referência da vida na busca da facilidade (…). É preciso empenho para que o ser humano encontre dignidade desde sua concepção”, concluiu.
Dom Dadeus enfatizou que “a pedofilia é um crime, porque atinge crianças, que precisam ser preservadas em sua inocência e futuro, assim como também o aborto é um crime”. O bispo destacou que diante desse tema é preciso “tolerância zero”, mas que esses erros na Instituição criada por Cristo mostram que “a Igreja não é perfeita, e isso é bom, porque senão não teria lugar para mim”. O Arcebispo de Porto Alegre assinalou que a Igreja não se omite diante de tal realidade e pede perdão: “O gesto da Igreja pedindo perdão ensina a todos que se envolvem em algum crime que também peçam perdão”. E continou: “Nós queremos, a partir desse encontro, ser um dos sinais dos tempos e aproveitar para criar uma civilização do amor, na qual haja justiça e misericórdia, as quais atingirão onde a justiça não atinge, alertando-nos sobre o que podemos fazer para superar essas crises que estão não só dentro da Igreja, mas no mundo todo”.
A pedofilia é um dos assuntos atuais que os bispos devem refletir nestes dias da assembleia.