Aos pés de Nossa Senhora

Bispos do Rio explicam situação e pedem ajuda em Aparecida

“Nós estamos aqui aos pés de Nossa Senhora Aparecida, nossa mãe, entregando nas mãos dela nossas dioceses. E é como se ela dissesse: “sou tua mãe, vou te ajudar e edificar as belas cidades da serra fluminense”, disse o Bispo da Diocese de Petrópolis, Dom Filippo Santoro. Essas palavras foram proferidas durante sua homilia na Missa ao Santuário Nacional de Aparecida, na manhã neste domingo, 23 .

Dom Filippo destacou que essa foi uma Missa de comunhão com todas as igrejas no Brasil, que neste momento rezam junto com as dioceses da serra fluminense diante das dificuldades que enfrentam depois das chuvas.

Num momento de dificuldade diante desta grande tragédia, o Bispo de Petrópolis lembrou das palavras ditas ao telefone por uma irmã de clausura: “Não tenha medo, no momento da morte, Jesus mostra sua face. Rosto bonito de Cristo é aquele que oferece esperança aos mortos e aos vivos. Ele é o centro da nossa vida”, disse a irmã.

Em momentos como esse, Dom Filippo enfatiza que em momentos como esse a fragilidade da vida humana se revela, e depois da tragédia os valores são revistos, deixando de lado as banalidades, voltando à vida com maior entusiasmo, coragem e solidariedade.

Durante a homilia, o Bispo de Petrópolis contou a história de jovem ministro de eucaristia que foi até o sacrário, para retirar as hóstias, antes que o local fosse tomado pelas águas. “A água estava chegando até o sacrário. Um ministro da eucaristia foi até o sacrário, pegou o Santíssimo Sacramento, envolveu num pano, e nadando com o outro braço salvava das águas o Santíssimo Sacramento e o levou até a matriz. Assim Jesus ficou salvo das águas, mas é Ele quem nos salva”, lembra.

O bispo destaca que esse jovem dá o exemplo do que deve ser feito: confiar na graça de Cristo e ao mesmo tempo nadar, trabalhar, tomar iniciativa, pois essas cidades devem ressuscitar. “Assim, cada um de nós deixamos nosso mal, o pecado, e seguimos o Senhor. Sejamos cristãos verdadeiros, solidários com os outros, seguindo os passos de Cristo”, enfatiza.

E é quando os holofotes se apagam é que aparece a verdadeira fé. “Viemos ao coração da fé do povo brasileiro, que é Santuário de Nossa Senhora Aparecida, para além de pedir que  Deus continue abençoando o nosso povo, agradecer a generosidade da população e dizer que graças a essa ajuda, estamos conseguindo levantar o animo e a moral do nosso povo tão abatido”, explica Dom Edney Govêya Mattoso.

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As ofertas que chegam nas contas das dioceses servem agora para sanar as necessidades imediatas, já a doação da  Conferencia Episcopal Italiana será destinada a projetos de reconstrução dos edifícios diocesanos.

Os bispos da região serrana fluminense explicam que para o momento, não são necessárias as doações de roupas, mas são necessários materiais de limpeza, de higiene e principalmente água.

Panorama da Diocese de Petrópolis

Segundo Dom Filippo, a situação das Dioceses de Petrópolis, na qual fazem parte também as cidade de Teresópolis e São José do Vale do Rio Preto, e de Nova Friburgo é desafiadora.

Nas cidades de Petrópolis e Teresópolis, os centros das cidades não foram atingidos, por isso as atividades comerciais continuam, o desastre ficou localizado nos bairros. “Em Petrópolis ficou localizado no bairro Cuiabá, em Teresópolis foram atingidos os bairros: Caleme, Campo Grande, Cruzeiro, Pessegueiro, Santa Rita, Vieira e Bom Sucesso. Já em São José do Vale do Rio Preto, o desastre tocou o centro da cidade”, explicou o bispo.

A paróquia de São José, que fica numa parte alta não foi atingida, possuía um gerador de corrente elétrica e por isso serviu como abrigo para a Prefeitura e foi um ponto de refer~encia para todas as operações.

“Em todos os lugares as nossa igrejas ficaram gravemente afetadas, mas depois das limpezas elas se tornaram centros de acolhida aos voluntários e de distribuição dos alimentos doados”, conta Dom Filippo.

As cidades atingidas chegam agora numa fase delicada de reconstrução. Segundo o bispo, a Igreja permanece junto aos voluntários oferecendo a motivação e fé, mantendo viva a esperança.

Dom Filippo chama a atenção para que as pessoas não sejam apenas envolvidas nessa onda de comoção, mas que haja um planejamento urbano futuro para evitar situações como essa.

Diocese de Nova Friburgo

Diferente de Teresópolis, o centro de Nova Friburgo foi atingido o que agravou a situação, pois nos primeiros dias foram interrompidas as comunicações, os acessos, e a distribuição de água e energia. “Foi realmente um caos muito grande. Não tínhamos se quer conhecimento da magnitude do que tinha ocorrido”, conta o Bispo da Diocese, Dom Edney Govêya Mattoso.

Aos poucos as situações foram se clarificando, mas ainda o acesso é difícil em algumas localidades, como no Córrego Dantas e Campo do Coelho. “Ainda, com certeza, existem vítimas, corpos que ainda não foram descobertos, e possivelmente nem serão. Já se fala em sepultamentos naturais, porque é uma dificuldade enorme mobilizar em tantos pontos diferentes esse mecanismos de resgate”, explica o bispo.

Mas ao mesmo tempo, Dom Edney salienta a beleza da mobilização popular, especialmente entre os jovens. No Colégio Nossa Senhora das Dores a distribuição de alimento e de outras doações segue ativamente. “O montante de gêneros de primeira necessidades que recebemos até ontem já passava das 150 toneladas junto com roupas e medicamentos”, contabiliza.

Também nesse colégio foram alojados os funcionários do Ministério da Saúde, da Defesa Civil e do SAMU, o que facilitou o acesso as informações. “Enquanto eles saiam para essas áreas de risco, iam junto grupos de seminaristas e sacerdotes. E ali enquanto uns faziam o trabalho de socorro da parte física, outros iam ao encontro daqueles que estavam desolados”, conta o bispo.

Dom Filippo salienta que muitas vezes não foi preciso dizer nada, apenas a presença deles serviam de consolo e apoio a população.

“Ao lado de toda essa tragédia que estamos acompanhando nos meios de comunicação, surge uma onda de solidariedade que move não apenas as cidades atingidas, mas o Brasil inteiro. Um grande mutirão de amor ao próximo”, enfatiza Dom Edney .


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