Dom José Carlos, antes de ser ordenado Bispo, atuou na Pastoral Rodoviária entre os anos de 1988 e 1996
Luciane Marins e Padre Roger Araújo
Nesta sexta-feira, 25, dia em que a Igreja celebra São Cristóvão, padroeiro dos motoristas, o Canção Nova em Foco conversa com Dom José Carlos Chacorowski, bispo de Caraguatatuba (SP). Durante oito anos de seu sacerdócio, o então padre José Carlos, que ficou conhecido como Zé da estrada, trabalhou evangelizando pelas estradas do Brasil.
Celebração de Missas e atendimento pastoral nas estradas fizeram parte de sua rotina de 1988 a 1996, época em que atuou na Pastoral Rodoviária, reconhecida pela CNBB como uma das pastorais que fazem parte do Setor da Mobilidade Humana.
“Tive a alegria de trabalhar em nome da Igreja Católica no Brasil, na companhia de todos esses motoristas profissionais. Foi uma experiência maravilhosa ser Igreja com eles, parando nos postos de combustível, garagens, oficinas, sedes de empresas de transporte, e por aí foi.”
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Caminhões-capela são usados pelos três padres que atualmente trabalham nesta pastoral. As capelas estão montadas dentro dos furgões com altar, caixas de som, folhetos da celebração e demais acessórios necessários. Segundo o site da pastoral, passam de 1.600, o número de postos onde se celebram Missas para os motoristas.
O espírito religioso que o povo da estrada mantém foi o que mais chamou a atenção de Dom José Carlos durante esses anos. Ele afirma que a maioria desses motoristas são pessoas de fé e por isso a pastoral rodoviária se desenvolveu e se mantém há 37 anos.
“É um povo que confia, povo de fé, são pessoas de fé, isso é marcante. Quando tem oportunidade estão sempre muito dispostos a celebrar uma Missa, um momento de oração, vivendo a fé de uma forma muito clara, muito distinta, muito devota.”
O bispo chama a atenção para a solidão que os motoristas profissionais muitas vezes vivem por passarem longos períodos longe de casa, e alerta que a falta de fé pode fazer com que a pessoa vacile, fraqueje e até esqueça a própria família.
“Mas eu encontrei na época que eu estive nas estradas muitos exemplos maravilhosos de homens responsáveis e que vivem isso quase que como uma cruz, um sacrifício que oferecem a Deus pela profissão e pelo bem de seus familiares.”
Dom José faz ainda um alerta sobre a imprudência no trânsito, que defende ser a principal causa de acidentes nas estradas.
“Tantas famílias são destruídas por causa geralmente da imprudência, ou uso da bebida, ou a falta de respeito com os horários, se viaja, viaja, e não descansa direito a noite. Dois, três, quatro dias sem dormir, é um grande desrespeito à vida.”
O Bispo, embora não atue mais nas estradas do Brasil, garante sua oração e proximidade espiritual a todos os motoristas e suas famílias neste dia dedicado a eles e a São Cristóvão.
“Estarei lembrando todos os irmãos da estrada e seus familiares, que busquem fazer de sua profissão não um perigo, mas uma bênção. E peço que Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora da Estrada, São Cristóvão e todos os santos de devoção dos irmãos da estrada, que abençoem, guardem e protejam cada motorista, cada irmão nosso, sobretudo os que estão mais distantes dos seus lares e famílias. Que sejam guardados e protegidos por Deus, mas vivendo sempre com prudência com respeito a sua vida e aos demais.”