Ministério de Catequista foi instituído na semana passada pelo Papa Francisco com o Motu Proprio “Antiquum ministerium”
Denise Claro
Da redação
Na última terça-feira, 11, foi instituído pelo Papa Francisco o Ministério de Catequista, através do Motu Proprio “Antiquum ministerium”. O título do documento faz referência ao “antigo ministério” do catequista. Leigos que, desde o início do cristianismo, transmitiam a fé aos aos primeiros cristãos.
O assessor da Comissão Bíblico Catequética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e sacerdote da diocese de Propriá (SE), padre Jânison de Sá Santos, lembra que ser catequista é uma vocação. Ele trabalha gratuitamente, voluntariamente na educação da fé de crianças, adolescentes, jovens e adultos, porque recebeu esta vocação.
“O catequista é aquele que se sente chamado por Deus a esta missão de anunciar, de transmitir a fé. Diz sim ao chamado, e passa por um período de formação, para se torna educador na fé, ajudando o povo de Deus a crescer na fé cristã, no seguimento a Jesus Cristo.”
Padre Jânison comenta que o Motu Proprio do Papa é um passo muito importante, pois apesar de a catequese já ser um serviço e um ministério reconhecido pela comunidade eclesial, agora o catequista será instituído oficialmente Ministro da Catequese com um rito litúrgico.
“O rito será elaborado pela Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Agora, cada diocese deve sentar, estudar o Motu Proprio do Papa, e elaborar critérios e orientações sobre quem poderá receber este ministério.”
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Formação do Catequista
O assessor da Comissão acredita que, a princípio, não sejam todos que vão receber o Ministério. Mas que esta mudança deve incentivar mais os catequistas a buscar uma melhor formação.
“Em todas as dioceses existem escolas para a formação de catequistas. Semanal ou semestralmente há uma atualização para catequistas que estão iniciando e também para aqueles que já são catequistas. Agora, com certeza, as dioceses vão investir ainda mais na formação, qualificando esse ministro instituído da catequese.”
Além disso, com a instituição do Ministério, o padre acredita que os catequistas devem se sentir mais valorizados em seu trabalho, em sua doação. O padre lembra que o Diretório Nacional de Catequese 2005-2006 apresentava o ministério do catequista. Mas poucas dioceses naquele tempo fizeram essa experiência.
“Agora é para toda a Igreja, espalhada pelo mundo inteiro. Ser ministro da catequese, ser catequista é ser agora um ministro oficial, reconhecido através de um rito litúrgico, e isso muda bastante. No sentido de uma valorização pessoal por esse ministério que exerce. Eu creio que o Papa foi conduzido pelo Espirito Santo, como sempre, valorizando mais uma vez o ministério dos leigos.”
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Testemunho
A niteroiense Heloísa Reis tem 69 anos e é catequista desde os 15. Sempre buscou em sua vida formação, desde os cursos para catequistas oferecidos pela arquidiocese, até o mestrado em Direito Canônico.
“Busco sempre me atualizar, temos que acompanhar os tempos. A Igreja catequista precisa investir na formação de evangelizadores. Deve ser uma formação permanente. Espero que este Ministério motive a toda a Igreja, enquanto batizados, a este serviço, a esta missão, a partir de Jesus Cristo.”
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Para Heloísa, este reconhecimento oficial do Papa tem muito significado.
“É um agradecimento, estímulo e esforço para que as comunidades sejam grandes catequistas.”
Ao ser perguntada sobre a missão do catequista, Heloísa conclui:
“O catequista é aquele que dá testemunho, que anuncia. Mas as pessoas devem conhecer o catequista também pelo que ele faz, pelo exemplo que ele dá, por ser testemunha de amor, caridade, bondade. Ser catequista é querer levar a todos o Amor de Deus experimentado.”