Conhecido por ser “a voz do Papa no Brasil”, o veterano jornalista compartilhou suas experiências na cobertura das Assembleias Gerais da CNBB
Gabriel Fontana, com colaboração de Alan Toledo
Da Redação
A Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é um evento que marca a Igreja no Brasil ao longo do ano. Discutindo assuntos pastorais, de ordem espiritual e temporal, a Assembleia deste ano acontece desde o último dia 19 até esta sexta-feira, 28, e conta com a cobertura dos meios de comunicação.
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Entre os veículos que se dedicam a informar o público acerca dos trabalhos dos bispos, existe um com uma voz bem marcante. Aqueles acostumados a acompanhar as ações do Santo Padre pelo Portal Vatican News conhecem bem Silvonei José, “a voz do Papa no Brasil”. Mais do que uma voz, Silvonei é um profissional referência no jornalismo religioso, com muito a ensinar por meio de suas experiências.
Ao todo, já foram 23 Assembleias Gerais da CNBB cobertas por Silvonei, jornalista e doutor em Comunicação. A primeira vez foi no começo do milênio, em 2001. Essa vivência tão extensa da reunião anual dos bispos não gerou apenas conhecimento, mas também grandes amizades, sendo algumas bem antigas.
Amizades que vêm de tempos
“A amizade com muitos desses senhores bispos que nós temos no Brasil é uma amizade antiga, quando eram simples sacerdotes, e hoje são pastores de rebanhos enormes. Então é uma amizade que vem de longa data. Por exemplo, com Dom Odilo, Cardeal de São Paulo. Eu o conheço do tempo em que ele trabalhava comigo, lá no Vaticano, na Cúria, ele na Congregação para os Bispos e eu na Rádio Vaticana. A gente se encontrava, é uma amizade de longa data, um encontro de irmãos”, recorda Silvonei.
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Essa amizade é fruto de um árduo trabalho pela evangelização. “Ai de mim se eu não evangelizar!”, exclama Silvonei. O jornalista partilha que os bispos “contam as coisas das dioceses deles, dos problemas, dos desafios, das esperanças, das alegrias. Então isso faz parte do cotidiano deles, que a gente quer partilhar de uma maneira que a gente possa também contribuir para que aqueles bem que eles fazem chegue também às outras pessoas.”
Responsabilidade para anunciar
Nessa missão, entretanto, é preciso cuidado. Silvonei explica que se sente privilegiado por ter a função que exerce, sendo uma “ponte” entre o Papa e as igrejas locais. Mas, “naturalmente, com o privilégio vem a responsabilidade. Quem abre a boca, quem escreve, quem publica, tem uma grandíssima responsabilidade. Nós temos que abandonar o ímpeto de ser o primeiro, mas de informar bem, de estar junto com as pessoas e fazer bem para as pessoas”.
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Falando do rádio, o instrumento que o consagrou, Silvonei diz: “a voz cria imaginação, o rádio é o teto da mente. A palavra cria emoção. Nosso compromisso é falar coisas boas, belas, que ajudem as pessoas. A responsabilidade do rádio hoje não é só informar, é ser contador de histórias. Nós temos que fazer comunicação com criatividade, liberdade e responsabilidade”.
“A lembrança é aquilo que perpetua você”
Ao fim da entrevista, ainda houve tempo de falar da relação com a Canção Nova, especialmente da amizade com o Monsenhor Jonas Abib. Silvonei conta que persistia chamando-o de Padre Jonas, porque sentia que “monsenhor” o deixava distante, ainda mais para alguém que, sempre que ia à Roma, fazia questão de visitá-lo. A missão de comunicar o evangelho os unia, e a amizade – grande marca da carreira de Silvonei – perdurou, assim como com tantos bispos que fazem questão de visitar o estande da Rádio Vaticana. Isso apenas para cumprimentar o amigo de tanto tempo e que marcou, mais que seus ouvidos, os seus corações.