3ª edição do Missal Romano foi aprovada pelos bispos do Brasil na semana passada e aguarda aprovação da Santa Sé
Huanna Cruz
Da Redação
A nova edição do Missal Romano foi um trabalho de longos anos e tem como grande mudança a linguagem, que será mais atual. Quem comenta é o arcebispo de Belém (PA), Dom Alberto Taveira Corrêa, que participou de todas as reuniões do processo para essa terceira edição no Brasil. A nova tradução foi aprovada na semana passada pelos bispos do Brasil durante a 59ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Atualmente, no Brasil, usa-se a segunda edição do Missal Romano, publicada em latim em 1970 e traduzida em 1991. Essa terceira edição aprovada pelos bispos se deu a partir da nova edição em latim feita pela Santa Sé. Uma vez aprovado pelo episcopado brasileiro, o texto será submetido à aprovação final pelo Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.
Dom Alberto Taveira ressalta que o latim não é uma língua morta, mas sim passiva de novas traduções. Assim, na Igreja, houve atualização e a Igreja tem um cuidado de conservar a latinidade. “A Santa Sé pediu que cada língua fizesse uma nova tradução, também porque as línguas são vivas, passam um tempo, surgem novas expressões e surgem também, em nosso caso, santos novos a serem acrescentados nos missais de vários países”.
A grande mudança da terceira edição do Missal é a linguagem, que será mais atual. Haverá, por exemplo, a entrada de novas festividades de santos como São João Paulo II (22 de outubro) e ainda a inclusão do Domingo da Misericórdia ao invés da referência ao II Domingo de Páscoa.
“Nós somos uma comissão de seis bispos mais um secretário. Nós trabalhamos longamente, foram 72 reuniões realizadas durante esses anos e ali nós tínhamos o texto latino”, comenta Dom Alberto.
Traduções fiéis
Sobre o percurso para a nova edição e tradução do Missal, o bispo recorda que tantas vezes tinha o texto latino em mãos, nas reuniões virtuais (por causa da pandemia) da Comissão. “Eu tinha o texto latino, os outros tinham também os textos e as traduções, nós procurávamos fazer as traduções fiéis ao latim, fiel ao português e pensando na proclamabilidade”.
Dom Alberto enfatiza o cuidado envolvido nesse processo: “sempre cuidei muito disso, tanto que às vezes, no final de uma oração, se pedia assim: ‘Dom Alberto, leia para ver como isso vai soar na celebração litúrgica’”. E acrescenta: “Se a gente traduz mal uma oração, nós podemos colocar uma heresia na boca do povo ou dos celebrantes nas várias eucaristias a serem celebradas”, ressalta o bispo.
O povo espera, agora, a aprovação da Santa Sé. Segundo o cálculo de Dom Alberto, a nova tradução deve estar à disposição para a Páscoa, “se chegar mais cedo melhor ainda”. “Mas é bom que todos saibam que não muda a Missa, mudam as traduções de algumas expressões, nós procuramos, por exemplo, as aclamações das orações eucarísticas, continuamos com essas aclamações, mas procuramos simplificá-las, fazê-las praticamente iguais em todas as orações, então é uma forma melhor de celebrar, é um aperfeiçoamento, não é uma missa diferente”, ressalta o bispo.
A expectativa é que todo o processo de aprovação e impressão do Missal seja feito o mais rápido possível, após as aprovações finais.