Missa dos bispos

"Quem adere a Jesus e pratica sua Palavra tem vida divina", diz bispo

Dom Salm afirmou que não haverá relacionamentos novos sem um ser humano novo alimentado e recriado pelo Pão descido do Céu

Kelen Galvan
Da redação

“Alimentando-nos da carne e do sangue de Cristo, então transformados Nele, assimilados por Ele, somos levados a viver aqui na terra os valores do Reino de Deus”, afirma Dom Francisco Salm / Foto: Reprodução TVCN

O penúltimo dia da 57ª Assembleia Geral da CNBB, nesta quinta-feira, 9, foi iniciado com a Santa Missa dedicada ao Regional Sul 4 da CNBB e foi presidida pelo bispo de Tubarão (SC), Dom João Francisco Salm, novo presidente da Comissão Episcopal para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada.

Na homilia, Dom Salm falou um pouco sobre a realidade do Regional Sul 4, composto por uma arquidiocese e 10 dioceses, que conta com um povo que já doou muitos de seus filhos e filhas para a vida sacerdotal e religiosa. O regional completará 50 anos no próximo mês de janeiro.

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.: Cobertura da 57ª Assembleia Geral da CNBB

O bispo lembrou que recentemente o Papa Francisco recordou o chamado à santidade que o Senhor faz a cada um e citando o Concílio Vaticano II completava: “chamados à santidade, cada um por seu caminho”.

Ao comentar a liturgia de hoje, Dom Salm explicou que Deus chama a cada um para viver, desde já, uma vida de qualidade divina.  Como narra a primeira leitura (cf. At 8,26-40), ao Etíope, o caminho se abriu com a ajuda do diácono Filipe, que lhe anunciou Jesus explicando a escritura.

Pão descido do Céu

E no Evangelho (cf. Jo 6,44-51), Jesus afirma que “quem crê possui a vida eterna” e quem comer do Pão vivo descido do Céu, que é Ele mesmo, viverá eternamente. “Então, quem adere Jesus e pratica sua Palavra tem vida divina. Amar é próprio de Deus. Deus é amor. Quem ama assemelha-se a Ele”, destacou.

O bispo explicou que Jesus encontrou grande dificuldade para se fazer entendido e acolhido. Os judeus murmuravam muito, e O conheciam, bem como a seu pai José, sua mãe e sua família.

“[Eles] não concordam que Jesus seja aquele que o Pai enviou para ser o Pão de Deus, para dar vida ao mundo. O problema deles é que suas vidas não estão abertas ao dom de Deus. Preferem suas próprias seguranças e certezas, sua religiosidade ritualista, estéril e vazia. O orgulho e a autossuficiência são realmente uma montanha intransponível. Decidiram que nao precisam do Pão que desceu do céu. Não vão acolher Jesus. Não precisam de Deus. Preferem uma forma de falsa espiritualidade, sem encontro com Deus”, afirma Dom Salm.

Ele conta que para a comunidade de João evangelista, comer a carne do Senhor e beber o seu sangue, significava o mesmo que acolher e assimilar a pessoa de Jesus em sua totalidade:

“Respirar os seus alentos, sonhar os seus sonhos, alimentar-se das suas palavras. Nutrir-se de generosidade, de beleza e profundidade, para que não restasse espaço para egoísmos, intolerâncias, miopias da vida, faltas de insensatez, medos e superficialidades”.

Bispos iniciaram este penúltimo dia da 57ª Assembleia Geral da CNBB com a celebração da Santa Missa / Foto: Júlia Beck – Canção Nova

Pão da partilha

Dom Salm lembrou que o pão é um alimento fundamental para a vida de cada um. “Sem ele, de fato, não conseguimos viver. A consciência disso e a realidade da fome tem sido motivo de muitas iniciativas e projetos, mas é preciso que se diga que há projetos movidos pelo egoísmo e indiferença”.

O bispo enfatizou que o pão é uma comida digna, quando resulta de um trabalho digno. E não se pode dizer a mesma coisa quando o pão é comida buscada no lixo.

Ele lembrou que em torno do pão, partilhado na mesa, se unem famílias, amigos, há a partilha e as pessoas se tornam mais irmãs. “O pão reúne e ensina a conviver. A falta de pão distancia, dispersa, cria rupturas e conflitos”, disse.

Segundo o bispo, na medida em que cada um se deixa atrair pelo amor do Pai, consegue se reconhecer e identificar como filhos. “Alimentando-nos da carne e do sangue de Cristo, então transformados Nele, assimilados por Ele, somos levados a viver aqui na terra os valores do Reino de Deus”.

Alimentar-se do Pão

O bispo destacou que um grande valor é o da convivência e do amor recíproco que Jesus ensinou e quis que fosse praticado quando lavou os pés dos discípulos.

“Precisamos reaprender a conviver. A boa convivência requer o respeito mútuo, a mansidão que supera a agressividade e o autoritarismo. Requer boas maneiras. Coragem de deixar de lado a televisão, internet e celular para dar espaço ao cultivo do dom de ouvir e falar. Não haverá relacionamentos novos sem um ser humano novo alimentado e recriado pelo Pão descido do Céu”, afirmou.

O pão é importante, porém, o bispo lembrou que não se deve guardar e juntar mais que o necessário. “Essa orientação já havia sido dada ao povo de Israel no deserto. O excedente criava bichos e produzia mau cheiro. Quando cada um junta somente o necessário, todos terão sua parte”.

Ele explicou que isso significa que não se deve viver somente para o pão, o ter e o dominar. “A ganância desfigura o nosso ser. O pão não tem finalidade em si mesmo, é ajuda, mediação, é sinal”.

E finalizou afirmando que o Pão descido do Céu é pão entregue que o Pai doou à humanidade. “Nele vislumbramos nossa identidade e Nele devemos nos tornar. Quem se alimenta Dele faz de si pão para os outros. Eis o milagre da Eucaristia. Comer a carne e beber o sangue eucarísticos nos faz solidários, nos compromete, nos faz viver, nos predispõe a amar (…) faz com que nos despojemos do homem velho e nos revistamos do homem novo”.

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