57ª Assembleia Geral

Novas Comunidades ganharão documento referencial da CNBB

Dom João Inácio comenta texto elaborado pelos bispos nesta Assembleia Geral, e que tem como foco as Novas Comunidades

Julia Beck
Da redação

Bispos reunidos em plenária durante a 57ª Assembleia Geral/ Foto: Wesley Almeida – CN

A 57ª Assembleia Geral (AG) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) dedicou parte de seus trabalhos a um documento sobre as Novas Comunidades. Dom João Inácio Müller, bispo da Diocese de Lorena (SP) – onde está localizada a Comunidade Canção Nova -, não integra a Comissão de elaboração do texto, mas foi convidado pelo secretário-geral da CNBB, Dom Leonardo Steiner, para realizar observações e apontamentos sobre o tema. 

“O texto das novas comunidades e também dos movimentos eclesiais é um texto que há anos circula nos corredores, é levado à mesa de trabalhos da Assembleia, é analisado, mas nunca recebeu uma chancela oficial dos Bispos da CNBB”, contou o bispo. O documento é uma novidade e foi trabalhado nesta quarta-feira, 8. Segundo Dom João Inácio, o texto confirma que a primeira comunidade surgida no Brasil foi a Canção Nova e, posteriormente a Comunidade Shalom.

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.: Cobertura da 57ª Assembleia Geral da CNBB

O fato de as novas comunidades continuarem a surgir foi considerado pelo bispo como um sinal de benção, graça, presença e inspiração da Trindade Santa. “O Espírito Santo continua a suscitar em filhos e pessoas dóceis. Estes se tornam fundadores ou fundadoras de novas comunidades. Essas pessoas, sendo sensíveis, têm a coragem de dar a sua vida para responder a este sopro do Espírito Santo, que é um viés do evangelho”, observou Dom João Inácio, que alertou: “Porém, sempre que esta pessoa tenta não escutar o espírito, ao abrir uma comunidade ou movimento que é só dela e não inspirado por Deus, essa comunidade ou movimento não perdura”.

De acordo com Dom João Inácio, ainda hoje muitas novas comunidades não têm conseguido “sobreviver”. “Tenho aqui na diocese de Lorena uma nova comunidade que surgiu e já não existe mais. Então percebemos que algumas iniciativas que as pessoas pensam terem sido inspiradas por Deus não são, não persistem”, comentou. 

Alguns critérios são necessários para que a Igreja, na pessoa dos bispos, possa discernir se aquela experiência de vida, motivada pelo evangelho, é de fato algo inspirado pelo Espírito Santo, revelou Dom João Inácio. “Um dos critérios é a capacidade de carregar a Cruz, de suportar sofrimentos, críticas. A eclesialidade é outro critério muito importante. Mais um critério é a questão da missão, ela [novo movimento ou comunidade] precisa responder de alguma maneira ao aspecto da evangelização. Deve ter um viés sociocultural, uma inserção ou trabalho ligado aos mais pobres. Deve ser um instrumento ou um espaço que revele e restaure não só no espírito como também na carne do ser humano”, explicou o bispo.

O novo documento foi estudado na Assembleia Geral da CNBB deste ano. Dom João Inácio conta que Dom Alberto Taveira, membro da comissão para elaboração do texto, explicou com maior amplitude o tema. “Ele é, entre nós bispos, o que tem maior consciência, por todo o tempo que ele acompanhou as novas comunidades e pela função que ele tem a nível de Igreja”, completou. De acordo com o bispo, após o documento ser encaminhado aos trabalhos de grupo, ele e Dom Aparecido fizeram inserções. 

“O texto será entregue à CNBB, para o contexto geral, para que seja dirimido, referendado e aprovado para experimento. Depois teremos um texto oficial e, em cima deste texto, iremos nos mover. Daqui a três ou quatro anos talvez precisemos retomar este texto para colher críticas e observações das novas comunidades”, concluiu Dom João Inácio.

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