Segundo Dom Paulo Roxo, o bispo emérito pode vivenciar dimensão mística e contemplativa da vocação episcopal ao “ficar com o Senhor”
Kelen Galvan
Da redação
Os bispos eméritos são o tema central da Missa desta sexta-feira, 3, no terceiro dia da 57ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, que acontece em Aparecida até o dia 10 de maio. A celebração foi presidida pelo bispo emérito da diocese de Mogi das Cruzes (SP), Dom Paulo Mascarenhas Roxo.
Ainda hoje, os bispos eméritos terão a oportunidade de falar aos bispos na plenária na segunda seção da manhã, com início previsto para às 11h15. Segundo dados atualizados pela assessoria de imprensa da CNBB, participam da assembleia, ao todo, 339 bispos dos quais 296 votantes e 43 eméritos.
Na homilia, Dom Paulo lembrou que a Igreja celebra, hoje, a festa dos apóstolos Felipe e Tiago, e destacou que festa de apóstolos sempre traz alegria aos bispos, pois desperta a lembrança de que eles são também sucessores dos apóstolos.
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“Alegria também dos eméritos. Nós também pertencemos ao colégio apostólico. E até acompanhamos atentos as aberturas e, talvez, surpresas a virem ainda do aprofundamento desejado pelo Papa Francisco, da dimensão sinodal”.
O bispo destacou que, com a insistência do Papa Francisco na dimensão sinodal, quem sabe um dia também os eméritos possam participar de certas coisas do colégio episcopal, de que hoje não participam.
“Ecoa no nosso coração a escolha feita pelo Senhor. Diz o evangelista Marcos: ‘chamou a si os que Ele queria, e eles foram até Ele. E constituiu 12, para que ficassem com Ele, para enviá-los a pregar e terem autoridade para expulsar os demônios”, lembrou.
Dom Paulo disse que, pensando no grande número de bispos eméritos (cerca de 170), talvez a atividade missionária: pregar, expulsar demônios, já se tornou mais reduzida e limitada. Apesar de muitos eméritos continuarem ainda com várias funções, atribuídas a eles pelos bispos residenciais.
Ficar com o Senhor
Em contraponto, o “ficar com o Senhor” pode e deve ser intensificado na emeritude, afirmou o bispo.
Sobre o sentido profundo dessa expressão, Dom Paulo recordou um famoso exegeta que afirmava ser fundamental o estreito laço que une os 12 a Jesus, numa comunhão de vida, de função e de destino. E essa comunhão, considerada em sua raiz, consiste numa admissão àquela intimidade com Deus que é própria de Jesus.
“Participamos dessa intimidade com Deus, que é própria de Jesus. Nós, eméritos, temos possibilidade e oportunidade de dinamizar essa dimensão mística e contemplativa da vocação episcopal: ficar com o Cristo, estreitando ainda mais os laços da comunhão com o Senhor. Encontrando-nos com Ele, de maneira mais explícita, com mais tempo, maior frequência e profundidade, aceitando sempre o convite aberto e forte para uma verdadeira experiência do Senhor ressuscitado”, pontuou.
Dom Paulo destacou que “ficar com o Senhor” é intensamente vivido no momento mais alto da vida do bispo emérito, na celebração Eucarística. “Sem pressa, envolvendo-se no mistério do Senhor que se abre e se entrega ao Pai em nosso favor”.
Também apontou que os eméritos podem dedicar um tempo maior à Lectio Divina e à Liturgia das horas. “Assumindo atitudes e sentimentos que a Palavra, na sua sacramentalidade, suscita no nosso coração”, disse.
Bem como nos momentos de encontro silencioso e confidencial com o Senhor na Eucaristia. “No segredo da Capela, partilhamos com o Senhor as nossas coisas de idosos: incômodos, doenças, limitações, dependência, um pouco de solidão, dor de se sentir esquecido, e tantas outras situações da idade avançada”.
E concluiu: “ficando com o Senhor em grande intimidade, o bispo emérito, longe de se entristecer, desanimar, sentir-se velho, bebe da fonte da paz, da esperança, da alegria e da juventude do Senhor”.