Mensagem ao trabalhador e comentário sobre greve geral marcaram coletiva de imprensa desta sexta-feira
Jéssica Marçal
Enviada a Aparecida
A mensagem da CNBB aos trabalhadores foi um dos destaques da coletiva da tarde desta sexta-feira, 28, terceiro dia da Assembleia Geral da CNBB.
Ontem foi divulgada a mensagem dos bispos em defesa dos direitos dos trabalhadores, particularmente dos 13 milhões de desempregados. O arcebispo de São Luiz do Maranhão (MA), Dom José Belisário da Silva, explicou que em várias ocasiões a Assembleia coincidiu com a celebração do dia 1º de maio e sempre a CNBB procura deixar a sua saudação aos trabalhadores do Brasil.
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O bispo comentou cada um dos parágrafos da nota. O primeiro, disse, faz uma saudação afetuosa ao trabalhador, lembrando os 13 milhões de desempregados no Brasil. O segundo, fala da dignidade do trabalho. “O trabalho é fundamental para a dignidade da pessoa”, frisou Dom Belisário. O terceiro fala das lutas dos trabalhadores brasileiros ao longo da história e enfatiza o “ataque sistemático e ostensivo aos direitos” nesse momento.
Respondendo a perguntas de jornalistas, Dom Belisário teceu um breve comentário com relação à greve que acontece hoje em várias partes do país. Ele disse que a CNBB tem incentivado a participação das pessoas nas discussões sobre o que está acontecendo no Brasil. “Tenho impressão que esse dia de hoje pode influenciar nas decisões a serem tomadas pelo Congresso Nacional nas próximas semanas”, declarou.
Sobre a Reforma da Previdência, ele lembrou que a CNBB já se manifestou várias vezes e repetiu o trecho da nota que diz: “É inaceitável que decisões de tamanha incidência na vida das pessoas e que retiram direitos já conquistados, sejam aprovadas no Congresso Nacional, sem um amplo diálogo com a sociedade”. O bispo considerou que pode ser que de tempos em tempos uma reforma seja necessária, mas a sociedade deve ser consultada.
Bispos eméritos
Outro assunto que esteve na pauta de hoje dos trabalhos foram os bispos eméritos. O tema foi apresentado à Assembleia por Dom Luiz Soares Vieira, arcebispo emérito de Manaus (AM), que explicou aos jornalistas como é o processo para que o bispo seja declarado emérito e como ficam suas atividades depois disso.
Ao completar 75 anos, o bispo entrega uma carta ao Papa pedindo renúncia e o Papa pode levar cerca de um ano ou mais para dar a resposta. “O bispo emérito é o bispo que se ‘aposentou’. Continua a ser bispo, mas não tem mais o governo de uma diocese”, disse, acrescentando que pode continuar administrando sacramentos, mas não assumindo responsabilidades de um bispo.
Ao se tornar emérito, o bispo não é mais membro da CNBB, contou Dom Luiz. Nas Assembleias Gerais como essa em andamento, por exemplo, eles não são obrigados a comparecer, mas são convidados a participar e existe, inclusive, uma comissão na Conferência dedicada a eles. Atualmente, são 172 bispos eméritos, um terço do episcopado brasileiro. Nos próximos anos, podem chegar a 200.
Quem sustenta os bispos eméritos é a diocese, mas a CNBB também tem uma participação. Existe um fundo que auxilia as dioceses na manutenção da vida desses pastores que gastaram a vida em prol da evangelização.
Alguns bispos eméritos, segundo Dom Luiz, estão em condições de saúde debilitada, mas outros são bem ativos e podem continuar auxiliando na Igreja. “Essa é uma época de serenidade, de paz, e de viver com alegria os anos que ainda temos pela frente”, concluiu.
Celebração da Palavra
A CNBB discute também um roteiro com orientações para as celebrações da Palavra de Deus. Quem comentou o assunto na coletiva de imprensa foi Dom Geremias Steinmetz, bispo de Paranavaí (PR).
O bispo citou a realidade de comunidades que não têm a celebração dominical, mas somente a cada dois ou seis meses ou até mesmo uma vez por ano. Essas comunidades são convidadas a celebrar dominicalmente a Palavra de Deus. A proposta em discussão refere-se tanto à celebração da Palavra quanto à promoção da valorização do Domingo Cristão: dia da comunidade, dia da Palavra e dia da Eucaristia.
Dom Geremias explicou que ainda não deu tempo da Assembleia responder a todas os questionamentos em torno do assunto, ainda não se sabe se isso se tornará um documento, uma publicação de apoio e qual seria o conteúdo a mais necessário. A proposta é estabelecer um esquema um pouco mais unificado para o Brasil todo, mas ainda se está estudando como essas orientações virão a público.
Outro ponto importante nessa questão é a formação dos ministros que presidem a celebração da Palavra. Segundo Dom Geremias, uma questão séria e preocupante. Normalmente, quem preside, na ausência do padre, deve ser o diácono, o catequista, ou alguém nomeado pelo bispo. “A formação desse pessoal precisa ser intensa e esse é um desafio que nós estamos colocando. Sabemos de dioceses que têm formação mínima, outras têm formação com mais horas, em que é tratado com os ministros os muitos assuntos ligados à evangelização, porque eles serão pregadores (…) Precisamos avançar nessa formação, melhorá-la cada vez mais”.
Agora no fim da tarde os bispos dão sequência aos trabalhos. Eles terão um encontro um momento com o Cardeal Claudio Hummes sobre evangelização na Amazônia.