Além das notas oficiais, a CNBB prepara um documento mais elaborado, com reflexões sobre o momento atual do Brasil
André Cunha
Enviado a Aparecida
Na reta final desta 55ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, a coletiva de imprensa desta terça-feira, 2, tratou de aspectos do momento atual brasileiro, ecumenismo e ministério da Palavra.
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Dom Joaquim Giovanni Mol Guimarães, bispo auxiliar de Belo Horizonte, destacou que os bispos estão elaborando uma reflexão sobre o atual momento do Brasil. O material ainda será organizado e, posteriormente, apresentado à população.
Todavia, o bispo ressaltou os principais pontos que devem ser abordados na reflexão. Um deles, é a respeito do posição da Igreja sobre as questões sociais. O bispo explicou que Igreja não está em um “briga” com o mundo, mas a serviço da humanidade. “Portanto, tudo o que diz respeito ao bem da humanidade, diz respeito à Igreja também. A Igreja deve sim, com o desejo de servir à humanidade, à luz do Evangelho, dizer uma palavra diante do que vive a humanidade”, afirmou.
Falou ainda, enfatizando a “perplexidade” da sociedade brasileira com o desprezo da ética, de outros aspectos do documento que está sendo elaborado pela CNBB. Veja os detalhes no vídeo:
Ecumenismo: a tentação da hegemonia
A manhã desta terça-feira, foi dedicada a um encontro reservado, sendo que à tarde, os bispos participam de um momento sobre o caminho ecumênico no Brasil, e à noite de uma celebração oficial em comemoração pelos 500 anos da reforma protestante. A cerimônia da noite contará com a participação de líderes de várias Igrejas, e uma palavra do Primaz da Igreja Anglicana no Brasil, Dom Francisco de Assis da Silva.
Dom Francesco Biasin, bispo de Barra do Piraí, disse que a celebração não é uma comemoração da divisão, do pecado, e que sobre isso, a Igreja deve pedir perdão. A intenção, segundo o bispo, é celebrar a mão de Deus na reforma que conduziu o cristianismo até aqui.
Dom Biasin também destacou a maneira como o Papa visa o ecumenismo, bem como, suas ações de diálogo, inclusive com outras religiões. “O Papa está aberto ao diálogo em 360 graus”, disse.
Embora haja muitas ações para estabelecer o ecumenismo, Dom Biasin criticou o que chamou de “tentação da hegemonia”. No Brasil, o catolicismo foi, até o século 19, a única Igreja. A partir dessa data, começaram a chegar outras expressões religiosas ao país.
Para o bispo, é preciso que todas as religiões se coloquem a caminho, tendo bem claro que não existe uma Igreja mais importante que a outra. “As Igrejas com seus dons devem servir”, reforçou Dom Biasin.
“Não é uma visão eclesiocêntrica que deve prevalecer, mas uma visão Cristocêntrica”, enfatizou. “A medida que nos aproximamos do centro, nos aproximamos de nós mesmo”, acrescentou.
Por fim, o bispo resumiu esse caminho ecumênico em três expressões: reconciliação, perdão e conversão profunda.
Ministros da palavra
Os ministros da Palavra também estão entre as discussões dos bispos nesta edição da Assembleia Geral. Dom Armando Bucciol, bispo de Livramento de Nossa Senhora (BA), ressaltou que a Igreja é chamada a ser toda ministerial, ou seja, estar sempre em serviço. Neste sentido, a Igreja, iluminada pelo Espírito Santo, redescobre a centralidade da Palavra.
Dom Armando recordou que, em um certo período da história, a Igreja se fechou, mas “Deus com o Concílio Vaticano II deu de novo a centralidade dessa Palavra”.
Segundo o bispo, a 55ª Assembleia Geral pretende “relançar” o fomento sobre os ministros da Palavra. “A Igreja quer dar mais espaço para a pregação desses leigos e leigas. No documento que será discutido, a Igreja quer afirmar aos leigos: vocês são batizados, têm um ministério próprio desse batismo. Chegou a hora de sermos uma Igreja mais ministerial, a partir da Palavra de Deus”, disse.
Dom Armando também contou que o Papa Francisco pediu à presidência da CNBB que a Igreja no Brasil se torne um modelo de ação dos ministros da Palavra, de modo que as celebrações demonstrem a centralidade da Palavra de Deus nas comunidades.