Ano Santo instituído pelo Papa Francisco coloca no centro a misericórdia divina, tão importante para a vida da Igreja e propagada em forma de devoção
Jéssica Marçal
Da Redação
O Jubileu da Misericórdia começa na próxima terça-feira, 8, em todo o mundo. O Ano Santo é um convite do Papa Francisco à propagação da divina misericórdia em uma sociedade marcada por ódio e violência. Mas não é de hoje que a Igreja prega a misericórdia de Deus; esse é um assunto de destaque que ganhou até uma devoção específica, tendo como grandes propagadores Santa Faustina e São João Paulo II.
“A Misericórdia Divina não é algo novo, sempre foi um dos maiores atributos de Deus. Deus é misericórdia desde sempre. A Misericórdia Divina é tantas vezes lembrada nas Sagradas Escrituras, nas orações da Igreja, nos escritos dos Santos, dos Padres da Igreja, dos Papas – e, contudo, tão incompreendida em seu significado e valor”, explica o reitor do Santuário da Divina Misericórdia em Curitiba (PR), padre Leandro da Silva.
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Como forma de devoção, a história da divina misericórdia começa com Santa Faustina Kowalska (1905-1938), polonesa que escreveu em um diário as experiências que teve com as aparições de Jesus. Nessas aparições, Cristo recordava a ela o grande mistério da Misericórdia Divina e foi a partir dessas visões da santa que surgiu o famoso quadro de Jesus Misericordioso, com os escritos: “Senhor, eu confio em vós”.
Santa Faustina e São João Paulo II: apóstolos da misericórdia
Santa Faustina ficou conhecida, portanto, como apóstola da misericórdia, por ter dado vida ao apelo de Jesus para que o mundo conhecesse a misericórdia de Deus. Ao lado dela, quem também carrega esse título é São João Paulo II, que além de ter beatificado e canonizado Santa Faustina, respectivamente em 1993 e 2000, instituiu a Festa da Misericórdia.
“Santa Faustina e São João Paulo II, foram instrumentos que Deus utilizou para relembrar à humanidade a sua infinita Misericórdia”, afirma padre Leandro.
“Acho que o que mais une os dois, Santa Faustina e São João Paulo II, com certeza é o amor que eles tinham pela misericórdia divina”, pontua o padre Luiz Fábio Peixoto, membro da Comunidade Aliança de Misericórdia.
O sacerdote recorda os elementos principais da devoção, que são a imagem de Jesus Misericordioso, a festa da misericórdia, a novena à misericórdia, o terço da misericórdia e a hora da misericórdia, celebrada às 15h.
Documentos da Igreja
Perguntando sobre os documentos que a Igreja já dedicou à misericórdia divina, padre Luiz Fábio disse que o próprio diário de Santa Faustina é considerado algo muito importante, pois relata as aparições e tudo o que Jesus Misericordioso disse à santa.
Além disso, ele citou a encíclica “Dives in misericordia”, do Papa João Paulo II. “Ele vai tratar da misericórdia, como é o rosto da misericórdia, como Jesus se manifesta, as parábolas que falam de misericórdia. E o Papa consagrou o novo milênio, em 2000, à divina misericórdia”, contou.
A devoção no contexto do Jubileu
Para padre Luiz Fábio, a misericórdia divina encontra uma bela expressão na imagem do Filho Pródigo que volta ao Pai, uma passagem que mostra o amor de Deus misericordioso que não cansa de perdoar. Imagem que assume especial significado nos dias de hoje.
“Acho que estamos vivendo no tempo da cultura da indiferença (…) Deus tem falado e a gente tem pedido que esse amor misericordioso de Deus seja derramado nos corações para que as pessoas entendam a força do perdão”, disse.
Padre Leandro acrescenta que a devoção à divina misericórdia nos tempos atuais é um grito divino para que a humanidade entenda o amor de Deus que quer, a todo custo, salvar a humanidade.
“Vivemos tantas realidades de dor, sofrimento, desespero, por isso é tempo de misericórdia e Deus quer lembrar à humanidade a sua infinita misericórdia que nasce na Paixão, Morte e Ressurreição de seu Filho Jesus (…) No mundo do descartável Deus nos quer lembrar que existem coisas que duram para a eternidade.”.