No mês de agosto, o Ministério da Saúde promove Campanha de Amamentação, que reforça o conceito da importância do leite materno
Thiago Coutinho,
Da redação
Agosto é lembrado pelo Ministério da Saúde como o mês do aleitamento materno, momento que marca o primeiro contato entre mãe e filho. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a amamentação materna reduz em 13% as chances de mortalidade entre crianças menores de cinco anos ― além de reduzir casos de infecções respiratórias, hipertensão, colesterol alto, diabetes e obesidade.
“Quando o bebê vai para o seio aprender a mamar, ele retoma tudo aquilo que tinha na vida uterina. Ele sabe que naquele momento está de volta naquilo que conhece como mundo. Por isso, os bebês que são amamentados, que passam o primeiro trimestre de vida no colo da mãe, são bebês que se desenvolverão de forma mais segura e tranquila”, explica Maria Cláudia Calonassi, responsável por um núcleo de consultoria em amamentação.
O ato de amamentar, segundo Maria Cláudia, vai além da alimentação e é importante para estreitar os laços afetivos com a criança. “O ato de transformar este momento de alimentação em algo para além de pegar uma mamadeira e colocá-la na boca da criança já fará com que aconteça o vínculo entre mãe e filho”, detalha.
Meiriane Silva Faria, mãe de três, sempre gostou de amamentar e considera que este é um momento muito forte. “É aprender a pôr tudo em segundo lugar”, afirma. “Mas, além disso, é um momento maravilhoso meu e dele, em que o alimento não é só o leite, mas o amor, a entrega, o carinho, a conversa, o olhar. Vamos vivendo um momento de intimidade e entrega”, pondera.
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Segundo Maria Claudia, a amamentação é um ato singular para a criança, de entrega da mãe. “O que fará com que este vínculo aconteça é a intensidade na entrega”, afirma. “Cada mamada é um encontro de amor”, acrescenta Meiriane.
O leite materno é um alimento completo e o bebê, até os seis meses de vida, não precisa de nenhum outro (chá, suco, água ou outro leite).
Doação tem restrições
A doação do leite materno pode ser feita, basicamente, por todas as mulheres, mas há algumas exigências por parte do banco de leite, informa Maria Claudia. “Mulheres que possuem doenças infectocontagiosas, por exemplo, como HIV, não podem doar leite”, explica.
Mães que também usam medicação que podem passar para o leite materno, que fumam mais de dez cigarros diariamente, drogas ilícitas ou ingerem bebida alcoólica estão proibidas de doarem. “Se ela não tem nenhuma restrição para amamentar o próprio bebê, poderá doar sem dúvidas”, assegura a consultora.
Cínthia Lemes doou leite logo após o nascimento do seu filho. “Tive leite empedrado, sinal de que estava produzindo bastante, foi então que as enfermeiras do banco me motivaram a fazer doação. Então, assim que desempedrou, passei a retirar leite para doar e continuei amamentando meu filho”, diz Cínthia.
Outra falsa ideia é a de que uma mãe que já amamenta o próprio filho não pode doar. “Dizemos que o leite materno é como amor: quanto mais damos, mais temos”, brinca a consultora Maria Cláudia. “O que garante uma manutenção e uma produção de leite ideal é justamente a demanda que o bebê determina à mãe. Então, quanto mais esta mãe estimula esta mama, seja dando de mamar ou fazendo uma ordenha, se ela tem uma boa alimentação, ela dará conta de alimentar o próprio bebê e se manter como doadora”, reitera.
Amamentação cruzada
O que as mães não devem fazer quando têm a intenção de doar leite é amamentar a outra criança diretamente em seu seio. Esta prática, conhecida como “amamentação cruzada”, envolve riscos à criança.
“Suponhamos que esta mãe tenha muito leite e tem uma amiga que não está conseguindo amamentar. Às vezes, aquele bebê que não é filho dela e que ela está amamentando não tem anticorpos para doenças que ela teve e ela pode contaminar este bebê”, adverte.
O ideal é que a mãe vá até um banco de leite e faça a doação lá, pois há todo um aparato para que este leite chegue com segurança a outra criança. “Lá, o leite passa por um processo de pasteurização, mantêm-se apenas as propriedades nutritivas dele”, detalha a consultora.
“Assim como obtive ajuda do banco de leite, senti a necessidade de ajudar também. Foi muito bom saber que o meu leite estava alimentando outros bebês e ajudando na saúde deles”, afirmou Cínthia. “Recomendo a todas as mamães que amamentam a procurar um banco de leite para doarem também. É muito gratificante”, finalizou.
Confira, no quadro a seguir, algumas dicas e curiosidades sobre o leite materno.