Artigo- Doutrina Social

Água: Dom de Deus, direito de todos

Dia Mundial da Água é comemorado nesta quinta-feira, 22

Padre Antonio Aparecido Alves*

Antigamente quando algo não estava bom se dizia: “É uma água” ou “Ficou uma água”. Hoje este é um recurso natural tão importante que ninguém ousa fazer este tipo de comparação. Nesta semana comemoramos o “Dia Mundial da Água”, que exatamente vem alertar para sua importância, escassez e a necessidade de se preservar este recurso. Para este ano o tema deste dia é: “Soluções naturais para a Água”, buscando alternativas no meio ambiente para os recursos hídricos, com destaque para as estratégias de preservação e restauração ambiental, visando proteger nascentes e o ciclo da água. Esta data ocorre dentro do 8º Fórum Mundial da Água, que acontece a cada três anos e é organizado pelo Conselho Mundial da Água. Neste ano o Brasil sedia este encontro que está acontecendo nesta semana em Brasília.

O consumo da água

Embora o nosso Planeta seja formado por 70% de água, cerca de 97% dela está em estado líquido nos oceanos, sendo imprópria para o consumo. Do restante, algo em torno de 2% está nas geleiras nos dois polos (norte e sul) e apenas 1% de água doce nos lagos, rios e aquíferos subterrâneos, imprescindível para todos os seres vivos.

É preciso cuidar deste recurso natural. A agricultura é responsável por 70% do consumo de água, indo a maior parte dela para irrigar as plantações. Quando esse produto se destina para o mercado interno, com gêneros alimentícios de primeira necessidade, então a água está sendo bem aproveitada. Infelizmente, por vezes, tudo isso serve para fazer girar o agronegócio, que traz dividendos para o país produzindo soja e outros grãos para a exportação, mas não o feijão e o arroz que alimenta a população brasileira.

Depois do agronegócio, vem a indústria, que responde a 20% do consumo dos recursos hídricos. Vale a mesma observação já feita, isto é, o que está sendo produzido? Bens de primeira necessidade para garantir a vida das famílias? Estão sendo gerados empregos para a população? Por fim, vem o consumo doméstico, com apenas 10%, sendo 1% deste consumo a água que é bebida pela população e o restante para higiene e limpeza.

Água, a última fronteira

A Bíblia indica que a água limpa e potável é símbolo de uma vida digna e um presente de Deus. O grande capital tenta atingir sua última fronteira, que é a água. Assim, baseando-se no conceito de escassez, quer transformá-la em um bem de mercado, submetida às leis da oferta e procura. E sabemos que, quanto mais escasso, mais caro. No entanto, a água não é mercadoria, mas direito, que existe em disponibilidade suficiente para todos os seres vivos. O que se faz urgente é um melhor gerenciamento de sua utilização, que evite o desperdício e que proceda ao reuso das águas residuais, de modo que o consumo de hoje não comprometa o abastecimento das gerações futuras que irão habitar este planeta. Todo cuidado que tivermos com a água será pouco.

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*Padre Antonio Aparecido Alves é Mestre em Ciências Sociais com especialização em Doutrina Social da Igreja pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma e Doutor em Teologia pela PUC-Rio. Professor na Faculdade Católica de São José dos Campos e Pároco na Paróquia São Benedito do Alto da Ponte em São José dos Campos (SP). Para conhecer mais sobre Doutrina Social visite o Blog: www.caminhosevidas.com.br

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