30 DE JANEIRO

A saudade pode nos ajudar a crescer e viver melhor, afirma psicóloga

Especialista oferece dicas para conviver com a saudade; jovens contam como administram esse sentimento em situações específicas

Fernanda Lima
Da Redação

Foto: Unsplash

Ausência de algo ou alguém, de um lugar ou experiência. Muitas vezes ela vem de um luto. Existem diferentes visões sobre a saudade. De acordo com pesquisa realizada por uma empresa britânica com mil tradutores e publicada pela BBC, a palavra da língua portuguesa “saudade” é a sétima mais difícil de ser traduzida entre todos os idiomas.

O Dia da Saudade é comemorado nesta quinta-feira, 30, registrando a necessidade de expressar esse sentimento e ressignificá-lo em diferentes contextos da vida. Para a psicóloga Suzana Mota Barbosa, a saudade é um sentimento que faz parte da experiência humana.

Psicóloga Suzana / Foto: Arquivo Pessoal

“Apesar de muitas vezes a saudade trazer um aperto no coração, ela tem um grande valor, pois nos lembra da profundidade dos nossos laços e da importância das experiências que tivemos, nos mostrando que carregamos conosco o passado como um grande tesouro, que guarda lembranças e histórias poderosas que moldaram quem somos”, sublinha.

Segundo a especialista, a saudade pode ajudar a valorizar o que realmente importa. “Muitas vezes, na correria do dia a dia, não damos o devido valor às pessoas e momentos que temos. Mas quando sentimos falta de algo, passamos a reconhecê-lo com mais clareza. Isso pode nos motivar a viver com mais presença, aproveitando melhor cada momento no nosso hoje”, enfatiza. 

A psicóloga também salienta algumas atitudes que podem ajudar a lidar com esse sentimento de uma maneira mais saudável e construtiva. “Aceitando a saudade sem medo, ou seja, sentir saudade não é um problema, e sim um sinal de que algo foi importante para nós. Então, em vez de fugir desse sentimento ou tentar ignorá-lo, podemos acolhê-lo e reconhecer seu significado”, comenta. 

Buscar um sentido maior

Outro passo importante  é evitar ficar preso no passado. “O segredo é encontrar um equilíbrio entre valorizar as memórias e continuar seguindo em frente no hoje que temos. Toda saudade, no fundo, é uma expressão do nosso desejo humano pelo Bem, pela Verdade e, em última instância, por Deus. Buscar um sentido maior para a nossa vida pode nos ajudar a lidar com a saudade de forma mais serena e esperançosa”, reforça.

A vida exige renúncias

Ketuny Laila / Foto: Arquivo Pessoal

Há um ano, Ketuny Laila saiu de Minas Gerais para cursar jornalismo em Cachoeira Paulista (SP). Ela conta como consegue lidar com a saudade da sua família. “Tudo em nossa vida exige uma renúncia. Precisei renunciar ao conforto do meu lar para cursar jornalismo em uma outra cidade. Do que sinto mais falta da minha cidade é da culinária, especialmente o tempero da minha mãe”, expressa. 

A saudade do doce de leite, do queijo e das cachoeiras de Minas Gerais trazem um grande significado para Ketuny. Segundo a estudante, a vida de oração é o grande combustível para lidar com essa ausência. “Todas as minhas dificuldades entrego para Jesus na capela. Minha família está longe, mas Deus está cuidando. A minha confiança e fé só aumentaram por causa da constância na minha vida de oração. O meu propósito é fazer a vontade de Deus, e isso me fortalece e me ajuda a conviver com a saudade de casa”, destaca.

Viver bem o momento presente

Willamys Bernardo / Foto: Arquivo Pessoal

A experiência de perder alguém próximo e querido traz à tona uma ausência dolorosa e, eventualmente, a saudade. O missionário da Comunidade Canção Nova Willamys Bernardo registrou os dias difíceis ao receber a notícia da morte de sua mãe. “Para mim, foi muito doloroso, mesmo já estando na comunidade. Consegui estar com eles no velório e sepultamento. Tive o auxílio espiritual de Deus e da Virgem Maria”, frisa.

A mãe do missionário morreu aos 47 anos, devido a uma condição inflamatória do pâncreas. Ele conta como aprendeu a conviver com essa perda. “Tive todo o apoio dos meus irmãos de comunidade que, nesse tempo, me sustentaram na oração. A terapia psicológica também foi fundamental nesse processo de luto”, afirma.

Para Willamys, a saudade ficou mais evidente conforme foram se passando os dias do acontecido. “Após 1 ano, vivi de uma maneira mais profunda a saudade da presença da minha mãe. Porém levando sempre para a oração”, salienta. De acordo com o missionário, exercer a gratidão pelas boas lembranças da mãe tornou-se um combustível nesse processo. 

“Convivo com essa saudade levando a certeza do céu e louvando a Deus pelos momentos felizes ao lado dela. Agradecendo a Ele pela mãe que tive. Ela teve uma história difícil, mas me educou de um jeito totalmente diferente do que ela recebeu. Foi uma mãe incrível”, pontua.

Willamys enfatiza ainda o que aprendeu com a falta da presença de sua mãe. “Essa dor me ensinou que preciso aproveitar cada momento com os meus familiares. Ela me ensina a viver bem cada momento”, concluiu. 

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

↑ topo