Artigo - Empreendedorismo

A economia brasileira: passado, presente e futuro

Especialista destaca características da economia brasileira no passado, presente e dá dicas para um crescimento futuro

André Prado*

Passado

Os livros de história brasileira afirmam que Pedro Álvares Cabral foi o descobridor do Brasil. Entretanto, há registros históricos que apontam que Vicente Yáñes Pinzón descobriu primeiramente a Terra Brasilis. Existem aqueles que por razões lógicas afirmam que foram os índios os verdadeiros descobridores da terra de Vera Cruz.

Os portugueses que aqui aportaram estavam mais interessados no extrativismo e exploração. Inicialmente exploravam o pau-brasil, seguindo para o plantio de cana para comércio de açúcar e culminaram por levar boa parte do ouro. A exploração era fato comum dos países colonizadores, porém alguns países deixaram uma contribuição maior aos colonizados.

O tempo passou e surgiu um grande empreendedor conhecido como Irineu Evangelista de Sousa, titulado inicialmente como Barão de Mauá e posteriormente como Visconde de Mauá. Mauá foi o pioneiro em diversas áreas do desenvolvimento no tempo do império. Resumidamente este empresário construiu estaleiro, fundição de ferro, a primeira ferrovia brasileira, implantou a matriz energética no Rio de Janeiro, instalou o cabo submarino telegráfico entre a América do Sul e a Europa, desenvolveu o transporte hidroviário no Rio Amazonas. Iniciou a carreira como guarda-livros e tornou-se comerciante, industrial e banqueiro.

Foi um dos maiores empreendedores da história brasileira de sua época. Porém, não foi compreendido por muitos devido à sua inteligência peculiar que o colocava anos à frente de seu tempo. Falava várias línguas estrangeiras aprendidas de forma autoditada que permitiu a realização de parcerias internacionais. Enfim, era um visionário ímpar.

Inicialmente apoiado por pessoas de mentes mais abertas, com o tempo o empresário esbarrou na política protecionista do tempo do império. Após visitar indústrias na Inglaterra começou a querer trazer o desenvolvimento para aplicar no Brasil. As suas ideias muito evoluídas tornaram-se uma ameaça aos que queriam deter o poder na época.

Assim, alguns inimigos surgiram com o intuito de barrar suas reais intenções de progresso para a industrialização no Brasil. Seus oponentes enciumados com a visão empreendedora desejavam que o país continuasse eminentemente agrícola. Desta forma, as barreiras criadas para o progresso custou muitos anos de atraso ao país.

O Visconde de Mauá foi imortalizado no filme Mauá – O Imperador e o Rei. Este filme, facilmente encontrado na Internet, deveria ser visto por todos os brasileiros para entender como a economia funcionava e compreender os motivos do passado que conduziram à atual realidade econômica.

Presente e futuro

Atualmente a economia brasileira obtém parte considerável de seus resultados positivos por meio da venda de commodities (produtos de origem primária). Boa parte das mercadorias resulta na pauta de exportação brasileira, tendo como os principais produtos: o café, a soja, o petróleo bruto, a carne e os minérios entre outros.

Não que o agronegócio não seja um importante negócio, pois na verdade é interessantíssimo para ajudar a buscar saldos positivos para a balança comercial. Porém, países desenvolvidos, além dos resultados obtidos no agronegócio, também exportam tecnologias de alto valor agregado.

Enquanto o agronegócio necessita vender um alto volume de mercadorias a um preço não muito expressivo, a tecnologia não precisa de um considerável volume vendido para gerar um significativo valor agregado.

De toda maneira, o ideal é que um país ganhe tanto com os lucros gerados pelo agronegócio como também com as tecnologias produzidas. Os anos de atraso na industrialização deixou o Brasil muito parecido com o mesmo de séculos atrás, ou seja, dependente de uma economia agroexportadora.

Cabe ressaltar que o país exporta aeronaves, principalmente para uso comercial. Todavia cabe lembrar que para produzir tais aeronaves, parte da tecnologia tem de ser importada porque a indústria nacional não consegue desenvolvê-la. Já os países de vanguarda, além de ganhar com o agronegócio, são grandes exportadores de tecnologias, sendo que muitas delas inclusive têm de ser importadas pelo Brasil.

Para ter uma ideia de como isto ocorre, basta observar os computadores, celulares, aparelhos eletrônicos, equipamentos para produção em empresas entre outros. Tais produtos possuem muitos componentes tecnológicos estrangeiros. Algumas empresas estrangeiras constituem sede no Brasil apenas para conseguir subsídios para a venda de seus produtos.

Um exemplo disto pode ser notado observando as multinacionais que se instalam no Brasil. Obviamente isto é algo bom porque gera uma determinada quantidade de empregos. Mas cabe salientar que tais organizações continuam utilizando uma parte representativa das suas tecnologias patenteadas no exterior, comercializando a sua produção em território nacional sem jamais transferir o conhecimento de como desenvolver a tecnologia.

O Brasil até exporta alguns produtos manufaturados, mas geralmente não são produtos de tecnologia predominantemente brasileira. Desta forma, o país torna-se um tanto dependente tendo que importar muitas tecnologias do exterior. Mas qual será o futuro da economia brasileira? É possível correr atrás do tempo perdido e também desenvolver tecnologias de ponta? Talvez com um imensurável esforço.

Para que o Brasil desenvolva tecnologias totalmente inovadoras para agregar aos ganhos do agronegócio, o mesmo deve investir maciçamente em educação, infraestrutura em geral e criar as políticas comprometidas com o desenvolvimento.

Existem muitos brasileiros inteligentes e criativos que se mudam para o exterior por incentivos de maiores ganhos financeiros, além de promissoras possibilidades de desenvolvimento pessoal e reconhecimento profissional. Reter tais talentos no Brasil e conceder reais condições para o desenvolvimento do capital intelectual é o primeiro passo para começar a mudar a realidade de atraso secular do desenvolvimento tecnológico.

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*André Prado é Mestre em Educação com Menção em Gestão pela Universidad Politécnica Salesiana Ecuador, pós-graduado em Engenharia da Qualidade e bacharel em Administração de Empresas. Desenvolve atividades na Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de São Paulo, Faculdade Canção Nova e Centro Universitário Teresa D’Ávila. Para conhecer mais sobre gestão visite o site: www.andreprado.com.br

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