Ariane Fonseca
Enviada especial a Brasília
As conferências do Simpósio de Bioética, atividade inédita presente no Congresso Eucarístico Nacional 2010, chegaram ao fim. As duas últimas palestras do evento, que contou com a presença de cerca de 900 pessoas, trataram sobre os desafios no âmbito político em relação a vida e a família e pistas de ação para a sua defesa.
A palestra sobre o âmbito político foi ministrada pelo procurador geral da República, dr. Cláudio Fonteles. Ele é autor da Ação de Direita de Inconstitucionalidade (ADIN 3.510) que pede a anulação do ato legal que permite o uso de embriões congelados em pesquisa científica.
Fonteles defendeu que políticos e legisladores católicos devem apresentar e apoiar leis em defesa da vida, como pediu o Papa Bento XVI.
Já as dicas de ações para a defesa da vida foram dadas pela dra. Lenise Aparecida Martins Garcia, que introduziu sua conferência apresentando a encíclica ‘Caritas in Veritate’, na qual o Sumo Pontífice pediu aos cristãos que não sejam vítimas daquilo que acontece no mundo, mas protagonistas.
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Após a citação, a professora apresentou exemplos de ações pastorais da Igreja na formação dos fiéis no campo da bioética. Dentre elas, destacam-se as expostas no Documento de Aparecida, como a proposta de procurar que os sacerdotes, diáconos e leigos tenham acesso aos estudos universitários de bioética e a ideia de promover cursos sobre o assunto para os agentes de pastoral.
“No Brasil há dificuldade dos religiosos terem acesso aos estudos universitários porque no país não há nenhum curso universitário que siga o Magistério da Igreja Católica. Mas há a possibilidade de encaminhá-los para estudos no exterior. É um investimento importante”, lembrou Lenise.
Ainda com propostas do Documento de Aparecida, a professora também apresentou as ideias de tratar temas de bioética na catequese, nos cursos de noivos, na formação do clero, na preparação para a vida religiosa e de forma continuada aos mais interessados; promover eventos que reflitam temas concretos da atualidade em relação à vida, principalmente desde a concepção até a sua morte natural; convocar as universidades católicas a organizarem programas de bioética acessíveis a todos; e oferecer aos casais programas de formação em paternidade responsável e sobre o uso de métodos naturais de regulação da natalidade.
A palestrante também citou como dica para a defesa da vida os movimentos de ação ao combate ao aborto, bem como o apoio à mulher que o cometeu. “É importante salientar que a Igreja Católica não condena as mulheres que fizeram aborto. Muito pelo contrário, ela as vê com misericórdia. As paróquias precisam trabalhar com isso”, destacou.
Para embasar sua solicitação, Lenise contou a iniciativa do projeto ‘Operação Raquel’, que lembra a passagem da Bíblia em que Raquel clama por seu filho. A ação internacional tem por objetivo trazer leigos para conversar com mulheres que abortaram e padres para ouvir a confissão delas a fim de evitar que as mesmas tenham Síndrome Pós-aborto.
Em relação as iniciativas que visam evitar o aborto, a professora enfatizou o Centro de Ajuda à Mulher (CAM), que tem 45 centros no México e um no Brasil, e o Movimento Brasil sem Aborto. Para finalizar sua conferência, Lenise falou sobre o uso das novas tecnologias na defesa da vida. “A internet é uma excelente ferramenta para difundir informações sobre a defesa da vida, de acordo com os valores cristãos. Os jovens podem ser os maiores promotores na rede”, concluiu.
Sobre os conferencistas
O dr. Cláudio Fonteles é procurador Geral da República, autor da Ação de Direita de Inconstitucionalidade (ADIN 3.510) que pede a anulação do ato legal que permite o uso de embriões congelados em pesquisa científica e membro da Comissão de Bioética da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
A dra. Lenise Aparecida Martins Garcia é graduada em Farmácia e Bioquímica, mestre em Bioquímica e doutora em Microbiologia. Docente do Instituto de Biologia da Universidade de Brasília e também membro da Comissão de Bioética da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
Sobre o Simpósio de Bioética
Foi a primeira vez que aconteceu um Simpósio de Bioética durante uma edição do Congresso Eucarístico. Abordando temas como aborto, planejamento familiar, cuidados no final da vida e valor da sexualidade, a atividade pretendeu contribuir para que, no Brasil, a vida seja amplamente defendida e amada pelos cristãos nos trabalhos pastorais. A ideia de realizar a atividade no evento nasceu da Comissão Arquidiocesana de Bioética e Defesa da Vida de Brasília. “Queríamos aproveitar a ocasião do evento para discutir o tema da vida. Quando levamos ao Dom João [arcebispo da capital] nossa proposta, ele achou o tema tão importante e tão eucarístico, pois a Eucaristia é o pão da vida, que o incluiu dentro da programação”, explicou o responsável pelo simpósio, padre Eduardo Peters. O evento aconteceu no Centro de Convenções Ulysses Guimarães ontem (14) e hoje.
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