Michelle Mimoso
Enviada especial a Brasília
O Arcebispo de Brasília (DF) e presidente do 16º Congresso Eucarístico Nacional, Dom João Braz de Aviz, encerrou, na tarde deste sábado, 15, o Simpósio de Teologia, cujo tema foi “Eucaristia, pão da unidade dos discípulos e missionários”.
O arcebispo falou sobre a unidade missionária e afirmou que os cristãos, discípulos e missionários precisam recuperar, à luz da fé e da razão, o que a Igreja construiu, mas que, em algum momento, se perdeu. “A luz da razão e da fé estão sempre em consonância. O maior motivo dessas duas luzes trabalharem juntas é que Deus criou tudo, portanto, tudo tem a marca de Deus. Não podemos ter outra marca”.
De acordo com Dom João, a construção de toda história salvífica é feita por Deus, que não faz nada contrário à criação; e alerta que nunca se deve deixar de lado a fé nem o dado da razão, para não correr o risco de viver na superficialidade. “Entramos numa cultura de imagem que nos é dado, muitas vezes, por outros que têm problemas com o Evangelho ou com a Igreja. Como são eles quem detém o poder da mídia, somos influenciados pelas notícias que nos passam”, explicou.
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Dom João comentou o fato de que a sociedade chegou a um ponto em que o único conceito de pessoa aceito é do indivíduo como um ser acéfalo, e que é preciso buscar uma fonte autêntica, onde descubramos a unidade, respeitando a diversidade.
Nenhum método filosófico-teórico que saia da luz do Amor consegue decifrar a luz da razão, sendo somente possível pela força da Trindade.”Se somos imagem e semelhança de Deus, somos imagem e semelhança da Trindade. Precisamos descobrir as características de Deus e vivê-las”.
Sobre o caminho que leva o homem à Deus, o arcebispo enfocou que quando se olha para Jesus, é possível compreender que o único caminho da verdade é o Amor, pois o amor não é uma conclusão do raciocínio; ele vem revestido de uma tomada de decisão, porque parte de dentro de cada um que O aceita e, assim, torna-se seu discípulo e missionário.
Sobre o amor e o sofrimento de Jesus, Dom João explicou que a cruz é símbolo de crime, não de salvação. Lá não é o lugar de Jesus, mas da dor; não é lugar de eternidade, mas daquilo que passa. E questiona: “Por que Deus na cruz? Como entender que ela se tornou lugar de salvação?
“O Filho de Deus se torna igual a nós em tudo, menos no pecado; então, temos um Deus que veio se colocar no lugar do menos importante, do mais fraco. Isso complica a nossa fé, porque a força humana parece mais forte que Ele”. E complementa: “No mistério da Paixão, essa comunhão entre Deus e o homem está presente no momento em que Ele, fazendo-se homem com os homens, escandaliza a todos quando grita: ‘Pai, por que me abandonaste?’.
Dom João finaliza o raciocínio explicando que, na cruz, esse foi o momento em que Jesus mais sofreu; mas também foi o momento em que mais amou, porque estava tão unido ao homem que se fez homem e sentiu todo sofrimento. Lembrando São Boaventura, o arcebispo citou: “Em Deus ninguém consegue penetrar, a não ser por meio do crucificado”. Assim, ele concluiu que todos precisam de um Deus vivo, autêntico, que permite à humanidade passar pelo sofrimento da cruz, porque sabe que este é o único caminho para o Amor.
Na conclusão de seu discurso, o presidente do Congresso Eucarístico disse: espero que todos os presentes e todos aqueles que participaram de alguma forma deste Congresso percorram, juntos, este novo lugar, que é a cruz salvífica de Cristo. Não haverá o mundo de Deus se não renovarmos a nossa comunhão de amor. Precisamos voltar a olhar nos olhos da pessosas, dar um beijo e um abraço puro nelas, sem más intenções; precisamos não fugir delas e saber que o caminho de Deus passa pelo próximo que se aproxima de nós. Precisamos rezar mais, ler mais a Palavra de Deus. Precisamos restabelecer a força de nosso relacionamento”.
Ao final da conferência, Dom João abençoou a todos e anunciou que o próximo Congresso Eucarístico Nacional acontecerá em Belém do Pará (PA), faltando ainda a aprovação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
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