Jornalistas de vários veículos de comunicação participaram nesta quarta-feira, 18, da primeira entrevista coletiva da 50ª Assembleia Geral dos Bispos, realizada em Aparecida (SP). O tema central do encontro é “a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja”.
Para atender a imprensa, estiveram presentes o presidente da Comissão para Vida e Família da CNBB e bispo de Camaçari (BA), Dom João Carlos Petrini, o bispo auxiliar de Belo Horizonte e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Educação e Cultura, Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães e o bispo auxiliar da arquidiocese do Rio de Janeiro, Dom Antônio Augusto Dias Duarte. Como porta-voz, esteve presente o arcebispo de Campo Grande (MS), Dom Dimas Lara Barbosa.
Dando início à entrevista, Dom Dimas salientou três ocasiões de destaque ao longo dos oito dias de Assembleia. A primeira delas é homenagem ao jubileu de 50 assembleias gerais realizadas pelo episcopado brasileiro, que será realizada nesta quinta-feira, 18, às 18h. Outra homenagem será realizada na segunda-feira, 23, também às 18h, pelo jubileu de 50 anos do Concílio Vaticano II. O terceiro momento é a entrega do prêmio de comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Sobre o tema central, Dom Dimas explicou que o assunto já havia sido proposto para a Assembleia que aconteceu em Brasília, em 2012, mas na época ainda se aguardava a constituição apostólica que o Papa Bento XVI estava preparando sobre a Palavra de Deus.
Dom Joaquim Giovani ressaltou que um dos objetivos da Assembleia é também revisitar os documentos auxiliares do Concílio Vaticano II, que completa 50 anos. “Eles (os documentos) têm uma importância viva na história da Igreja porque fizeram com que a Igreja, justamente, atende-se às suas rotinas para poder promover o que é fundamental, inclusive na sociedade contemporânea, o diálogo com os diversos setores da sociedade”.
O bispo auxiliar de Belo Horizonte também citou a cultura e educação como uma das preocupações da Assembleia. “Fazer repercutir todas as nossas preocupações com a cultura e educação. Nós queremos também inserir temas referentes à ação política como forma de viver o compromisso cristão e o serviço aos outros”.
Aborto de anencéfalos
Um dos temas levantados pelos jornalistas foi a recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em descriminalizar o aborto de bebês anencéfalos. Para Dom Dimas, a questão não foi bem avaliada pelos ministros em todos os seus aspectos. “Não utilizaram adequadamente a razão, não pensaram em todas as implicações da decisão que estavam tomando”, ressaltou.
O porta-voz também chamou a atenção para os perigos dessa decisão no que diz respeito a decisões futuras. “Eu considero perigosa a decisão que foi tomada pelo Supremo, porque vejo a porta aberta que pode ser escancarada para outros tipos de violência contra a vida nascente. Amanhã qual será a deficiência que impedirá a criança de ter o seu direito de nascer? Nós precisamos ter muito cuidado para não escancararmos essa porta e de repente sermos donos da decisão de quem pode ou não pode nascer”, alertou.
Sobre a forma como a Igreja vai atuar em relação ao assunto, Dom Antônio Augusto disse que nada muda. “O trabalho da Igreja continuará sendo o que sempre foi: o trabalho de formação das consciências humanas pra que as decisões que cada um tome na sua vida sejam realmente decisões bem ponderadas, bem fundamentadas em conhecimentos”.
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