A CAL está reunida em Roma para sua Assembleia Plenária, que tem como tema "Incidência da piedade popular no processo de evangelização da América Latina". A Comissão é vinculada à Congregação para os Bispos, cujo presidente, o Cardeal canadense Marc Ouellet, também é responsável por coordenar os trabalhos da CAL.
Segundo o Papa, a piedade popular é "um dos aspectos de maior importância para a tarefa missionária na qual estão empenhadas as Igrejas particulares do grande continente latinoamericano. Não pode ser considerada como algo secundário da vida cristã".
O Pontífice destacou que essa expressão simples da fé lança raízes no começo da evangelização em terras latinoamericanas e não pode ser deixada de lado no processo de nova evangelização:
"Todas elas, no bom caminho e devidamente acompanhadas, propiciam um frutífero encontro com Deus, uma intensa veneração do Santíssimo Sacramento, uma entranhável devoção à Virgem Maria, um cultivo do afeto ao Sucessor de Pedro e uma tomada de consciência acerca do pertencimento à Igreja. Que tudo isso sirva também para evangelizar, para comunicar a fé, para aproximar os fiéis dos sacramentos, para fortalecer os laços de amizade e de união familiar e comunitária, assim como para incrementar a solidariedade e o exercício da caridade", afirmou.
O Sucessor de Pedro ressaltou que a fé deve ser a fonte principal da piedade popular, a fim de que essa não se reduza a uma mera expressão cultural de uma determinada região. "Mais ainda, tem que estar em estreita relação com a Sagrada Liturgia, a qual não pode ser substituída por nenhuma outra expressão religiosa", definiu.
Bento XVI disse que muitas expressões de fé vinculadas às grandes celebrações do ano litúrgico estão incluídas na piedade popular, através da qual o povo sensível da América Latina "reafirma o amor que sente por Jesus Cristo, em quem encontra a manifestação da proximidade de Deus, de sua compaixão e misericórdia", expressou.
O aumento na prática da lectio divina (método de leitura orante da Bíblia) nas comunidades eclesiais do continente foi louvado pelo Bispo de Roma. "Este encontro com a Divina Palavra deve levar a uma profunda mudança de vida, a uma identificação radical com o Senhor e seu Evangelho, a tomar plena consciência de que é necessário estar solidamente cimentado em Cristo. Dessa maneira, dá-se solidez à vida espiritual dos fiéis".
Devoção a Maria, desvios e Missão continental
Os incontáveis santuários dedicados aos mistérios da vida do Senhor e a devoção à Santíssima Virgem Maria foram também destacados pelo Santo Padre. "Ela, desde o alvorecer da evangelização, acompanha aos filhos deste continente e é, para eles, manancial inesgotável de esperança. Por isso, se recorre a Ela como Mãe do Salvador, para sentir constantemente sua proteção amorosa sob diferentes advocações. Do mesmo modo, os santos são tidos como estrelas luminosas que constelam o coração de numerosos fiéis daqueles países, edificando-os com seu exemplo e protegendo-os com sua intercessão", afirmou.
O Papa também falou sobre "certas formas desviadas de religiosidade popular", que, segundo ele, ao invés de fomentar uma participação ativa na Igreja, "criam mais confusão e podem favorecer uma prática religiosa meramente exterior e desvinculada de uma fé bem arraigada e interiormente ativa", delineou.
Finalmente, o Pontífice disse que a Missão Continental – lançada após a V Conferência do Episcopado Latinoamericano e Caribenho (Celam), de 2007 – "trata-se de uma opção de grande transcendência, pois se deseja, com ela, voltar a um aspecto fundamental do trabalho da Igreja, isto é, dar primazia à Palavra de Deus, para que seja o alimento permanente da vida cristã e o eixo de toda ação pastoral".