Bento XVI recebeu em audiência o novo embaixador da Hungria junto à Santa Sé, Gábor Győriványi, por ocasião da apresentação das Cartas Credenciais, às 11h (em Roma – 8h no horário de Brasília) desta quinta-feira, 2.
"O matrimônio e a família constituem um fundamento decisivo para um sadio desenvolvimento da sociedade civil, dos Países e dos povos. […] Todos nós sabemos o quanto o matrimônio e a família estão em risco hoje – por um lado, devido à erosão dos seus valores mais íntimos de estabilidade e indissolubilidade, ocasionada por uma crescente liberalização do direito do divórcio e do costume, sempre mais difundido, da convivência entre homem e mulher sem a forma jurídica e a proteção do matrimônio; por outro, devido aos diversos gêneros de união que não possuem nenhum fundamento na história da cultura e do direito na Europa", afirmou.
O Pontífice também expressou que a Igreja não pode aprovar iniciativas legislativas que impliquem numa valorização de modelos alternativos de vida conjugal e de família. "Essas contribuem para o enfraquecimento dos princípios do direito natural e, assim, à relativização da legislação como um todo, assim como da consciência dos valores na sociedade".
As relações diplomáticas entre os dois países foram retomadas em 1990, após cerca de 45 anos do regime comunista que vigorou naquela nação. "Nutro a esperança de que as profundas feridas daquela visão materialista do homem […] possam continuar a serem curadas em um clima de paz, liberdade e respeito pela dignidade do homem", indicou Bento XVI.
Fé e política
O Santo Padre afirmou que a fé católica faz parte dos pilares fundamentais da Hungria, com raízes que se referem ainda ao ano 1000, quando o príncipe Stefano recebeu a coroa real enviada pelo Papa Silvestre II.
Ao propor as virtudes humanas, piedade pessoal e senso de justiça de Stefano como modelo também para quem recebe atualmente o encargo de governo ou responsabilidades semelhantes, o Papa falou sobre a relação entre fé e política:
"Certamente não se espera do Estado que imponha uma determinada religião; esse deveria, antes de tudo, garantir a liberdade de confessar e praticar a fé. Todavia, política e fé cristã se tocam. Certamente a fé tem a sua específica natureza enquanto encontro com o Deus vivo, que nos abre novos horizontes para além do âmbito da própria religião. Mas, ao mesmo tempo, é uma força purificadora para a razão mesma, permitindo-lhe desenvolver melhor a sua missão e ver melhor aquilo que lhe é próprio. Não se trata de impor normas ou modos de comportamento àqueles que não compartilham da mesma fé. Trata-se simplesmente da purificação da razão, que quer ajudar a garantir que o que é bom e justo pode, aqui e agora, ser reconhecido e realizado (cfr. Encíclica Deus caritas est, 28).
Fraternidade
Por fim, o Sucessor de Pedro explicou que a razão é capaz de garantir a igualdade entre os homens e estabelecer uma convivência cívica, mas não consegue, enfim, estabelecer a fraternidade.
"[A fraternidade] tem origem em uma vocação sobrenatural de Deus, que criou os homens por amor e nos ensinou por meio de Jesus Cristo o que seja a fraternidade. A fraternidade é, em certo sentido, o outro lado da liberdade e da igualdade. Abre o homem ao altruísmo, ao senso cívico, à atenção pelo outro. A pessoa humana, de fato, encontra a si mesmo somente quando supera a mentalidade centrada sobre as próprias pretensões e se projeta na atitude do dom gratuito e da solidariedade autêntica, que responde muito melhor à sua vocação comunitária".
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