Na manhã deste domingo, 20, o Papa Bento XVI presidiu à Santa Missa na Basílica de São Pedro, no Vaticano, e conferiu a ordenação presbiteral a 14 diáconos da diocese de Roma. Dez deles são italianos e os outros provêm da Índia, Japão, Chile e Alemanha.
Em sua homilia, o Pontífice fez três recomendações aos novos sacerdotes: fidelidade à verdade, correta conduta de vida e zelo nas celebrações litúrgicas. O Papa também responsabilizou os sacerdotes, dizendo-lhes que “a Igreja conta muito com eles”.
Na primeira parte de seu sermão, Bento XVI ofereceu uma indicação bem precisa para a vida e a missão do sacerdote: na oração, ele é chamado a redescobrir o rosto sempre novo de seu Senhor e o conteúdo mais autêntico de sua missão:
“Só quem tem um relacionamento íntimo com o Senhor é abraçado por Ele, pode levá-Lo aos outros, pode ser enviado. Trata-se de ‘permanecer com ele’ sempre no exercício do ministério sacerdotal; deve ser a sua parte central inclusive e, sobretudo, nos momentos difíceis, quando parece que as ‘coisas a serem feitas’ devem ter prioridade. Em qualquer lugar estejamos, o que quer que façamos, devemos sempre permanecer com Ele”.
Inspirando-se na leitura do Evangelho de hoje, o Papa evidenciou um segundo elemento: a sequela. O que significa isso para os cristãos de hoje, e principalmente, para um sacerdote?
“O sacerdócio não pode jamais representar um caminho para obter segurança na vida ou conquistar uma posição social. Quem aspira ao sacerdócio para aumentar seu prestígio pessoal e seu poder não entendeu o significado da raiz deste ministério. Quem quer antes de tudo realizar a sua ambição e alcançar o sucesso será sempre um escravo de si mesmo e da opinião pública. Para ser respeitado, deverá bajular; deverá dizer o que as pessoas gostam; deverá adaptar-se às modas e opiniões e privar-se da relação vital com a verdade, reduzindo-se a condenar amanhã o que elogiou hoje. Um homem que constrói assim a sua vida, um sacerdote que vê o seu ministério nesses termos, não ama verdadeiramente a Deus e aos outros, mas apenas a si mesmo e paradoxalmente, acaba por se perder”.
“Fundamentalmente – completou o Papa – o sacerdote deve ter a coragem de dizer ‘sim’ à outra vontade, consciente de que, se conformando aos desígnios de Deus, sua originalidade não se cancela, mas ao contrário, ele penentra sempre mais na verdade de seu ser e de seu ministério”.
Bento XVI dedicou ainda um terceiro pensamento aos novos sacerdotes: o convite de Jesus a “perder-se a si mesmo”; a tomar a Cruz, a Eucaristia. A eles, é confiado o sacrifício redentor de Cristo, o seu corpo doado e seu sangue derramado:
“É algo que nos surpreende em nosso íntimo com viva alegria e imensa gratidão: o amor e o dom de Cristo crucificado e glorioso passam através de suas mãos, de sua voz, de seu coração! Eu mesmo vivo sempre um momento de estupor ao ver que em minhas mãos e em minha voz o Senhor realiza o mistério de Sua presença”.
Antes de conferir o Sacramento da Ordem aos diáconos, o Papa lhes recordou ainda a voz do Apóstolo Paulo, na qual reconhecemos a força do Espírito Santo:
“Todos vós que fostes batizados em Cristo, vos revestistes de Cristo”, e disse aos novos padres que além do zelo nas celebrações eucarísticas, é necessário também o empenho por uma vida eucarística vivida na obediência a uma grande lei: a do amor que se doa com totalidade e serve com humildade; uma vida que a graça do Espírito Santo torna mais semelhante à de Jesus Cristo, Sumo e eterno Sacerdote, servo de Deus e dos homens.
Bento XVI terminou a sua homilia com uma última indicação:
“Queridos, o caminho indicado pelo Evangelho de hoje é o caminho de sua espiritualidade e de sua ação pastoral, de sua eficácia e firmeza, mesmo nas situações mais cansativas e áridas. É a única estrada segura para encontrar a verdadeira alegria. Que Maria, a serva do Senhor, que conformou sua vontade à de Deus, a mulher que gerou Cristo e o doou ao mundo, seguindo-o aos pés da Cruz em um supremo ato de amor, os acompanhe a cada dia em sua vida e em seu ministério. Graças ao carinho desta Mãe, delicada e forte, vocês poderão ser felizes e fiéis ao múnus que hoje, como presbíteros, vocês recebem: o de conformar-se a Cristo Sacerdote, que soube obedecer ao desejo do Pai e amar o homem até o fim”.
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