Artigo Frei Moser

A caminho de Sidney

Nem o Papa João Paulo II, nem a multidão de jovens, que resolveu atender ao convite para uma grande concentração em Roma no Domingo de Ramos de 2003 poderia imaginar os desdobramentos daí decorrentes.

O entusiasmo pelos jovens para ouvir a Palavra e seguir Jesus Cristo não apenas adquiriu novo vigor, como as grandes Jornadas Mundiais da Juventude se tornaram um verdadeiro fenômeno. Foi o que se pode constatar em São Tiago de Compostela, em Paris, em Roma, em Toronto, Colônia… E certamente a XXIII jornada em Sidney, na Austrália, convocada pelo Papa Bento XVI para meados de julho corrente, não ficará atrás das precedentes.

Leia mensagem do Papa Bento XVI para a XXIII Jornada Mundial da Juventude

O lema para a jornada não poderia ser mais significativo do que este: "Recebereis a força do Espírito Santo que virá sobre vós, e sereis minhas testemunhas" (At 1,8). Num período em que milhões de jovens sentem dificuldade para conciliar os avanços científicos e tecnológicos com a fé que receberam no batismo, certamente se fazem necessárias estas duas coordenadas: que eles, e através deles, todos se abram à força do Espírito Santo, e que movidos por ela todos retomem a consciência da missão fundamental dos discípulos de Jesus Cristo: ser testemunhas dele em todos os lugares e em todas as circunstâncias.

Sabidamente, entre os 15 milhões de habitantes da Austrália, apenas 5 milhões são católicos. Com isto, em termos numéricos, os cerca de 100 mil jovens esperados não poderão "competir" com as multidões que acorreram às jornadas anteriores. Mesmo assim, porém, com certeza este será um novo marco no revigoramento da Igreja em termos de espiritualidade, num mundo tão marcado pelo materialismo.

A simbologia, traduzida por uma cruz gloriosa em meio às chamas de fogo, juntadas à beleza natural da baía de Sidney e sua gloriosa Opera House, não poderia ser mais feliz. Ela não apenas recorda a força sempre renovada do Espírito Santo atuando na Igreja e na sociedade, como recorda que a cruz que a Igreja levanta num contexto onde todos só querem ouvir falar em "felicidade", não é apenas um sinal de contradição: é antes de tudo a lembrança daquele episódio que teria ocorrido na conversão do Imperador Constantino, no século IV. Em meio a uma difícil batalha ele teria visto uma cruz luminosa e ouvido uma voz que o animava: "em frente, com este sinal vencerás".

Para muitos as religiões, entre as quais a cristã, estariam em recesso e seria substituída por um novo racionalismo científico. Entretanto, acontecimentos como estes em que milhares de jovens vibram em meio a manifestações de fé, os adultos só poderão tirar uma conclusão: ninguém conseguirá anular a força do Espírito Santo que renova toda a face da terra.

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