O Comitê conjunto da Conferência das Igrejas Européias e o Conselho das Conferências Episcopais Européias encerrou seu encontro anteontem, em Londres, com a aprovação de um programa de trabalho sobre o relacionamento com os muçulmanos na Europa.
Segundo um comunicado divulgado ontem de manhã, o comitê vai se reunir em Malines/Bruxelles (Bélgica) de 20 a 23 de outubro, numa conferência européia entre cristãos e muçulmanos. O tema será "Ser cidadãos europeus e católicos. Cristãos e muçulmanos como parceiros ativos nas sociedades européias".
Como explica dom Aldo Giordano, secretário geral do Conselho, a conferência debaterá questões relativas ao tema da laicidade, da relação entre religião e laicidade, dos valores e o Estado. "É uma iniciativa nascida em um contexto cristão, mas nosso objetivo é envolver também os muçulmanos na preparação do encontro, porque queremos falar de igual para igual e confrontar as nossas vozes".
Assim sendo, foi programado também um encontro de preparação, em abril, em Budapeste, com a presença de alguns muçulmanos representantes das diversas áreas e tradições muçulmanas da Europa.
A intenção das Igrejas é encorajar a realização de um 'Islã europeu'. "É uma exigência – explica dom Giordano – isto não quer dizer que seja uma exigência comum, mas existe e precisamos aproveitar esta oportunidade. Significa também que temos que colher os sinais que nos são enviados pelo mundo muçulmano. Como por exemplo, em nível mundial, a carta dos 138 líderes islâmicos ao Papa, ou como a carta dos muçulmanos na Europa".
"Queremos continuar o diálogo, no rastro daqueles passos. Embora com limites, são brechas nas quais nos podemos inserir, para trabalharmos juntos".
Entretanto, mais de 120 imames europeus se reuniram sábado em Bruxelas, convidados pela Federação das organizações islâmicas na Europa (FOIE), para lançar a Liga Européia dos Imames. Já em janeiro passado, foi apresentada a primeira carta dos muçulmanos europeus, cujo ponto-chave é o pedido de um maior envolvimento dos muçulmanos nas sociedades do continente.
Esta carta foi assinada por mais de 400 organizações e associações islâmicas, que representam mais de 20 países. Em especial, ela destaca que os muçulmanos na Europa são chamados a integrar-se na sociedade de modo positivo, 'com base em um equilíbrio harmônico entre a preservação de sua identidade islâmica e seu dever de cidadão’. O documento, elaborado após 8 anos de consultas, exorta também os muçulmanos que vivem na Europa a serem cidadãos 'ativos', a começar pelo exercício do direito de voto.