Pe. Paulo Ricardo

A fumaça da mídia não pode mais esconder a grandeza de Bento XVI

Entrevista do Pe. Paulo Ricardo ao noticias.cancaonova.com 

noticias.cancaonova.com: Como o senhor conheceu o Papa Bento XVI?

Pe. Paulo Ricardo: Eu morei em Roma de 1988 a 1992, nessa época, o Papa Bento XVI era ainda o Cardeal Joseph Ratzinger, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Naquele período, eu pude prestar vários serviços para essa Congregação. Como tradutor e como sensor. Aliás, um dos maiores serviços, do qual me orgulho, é o de ter ajudado na aprovação da tradução do Catecismo da Igreja Católica. A mesma tradução que hoje temos em nossas livrarias foi apresentada pela CNBB para ser aprovada pela Santa Sé em 1992. Trabalhei vários meses na aprovação dessa tradução, para garantir que ela estivesse em sintonia com o texto original.

noticias.cancaonova.com:Como deve estar o nosso coração para acolher as mensagens que o Papa deixará durante estes dias?

Pe. Paulo Ricardo: Nós devemos receber o Papa de coração aberto. Na introdução do seu livro “Jesus de Nazaré”, o Papa diz que não é possível as pessoas dialogarem e se compreenderem mutuamente sem um mínimo de benevolência. Ou seja, para que nós possamos ouvir o Papa e aquilo que ele quer nos dizer, precisamos querer bem a ele e saber que ele não é um inimigo. A guerra antes de ser um conflito de armas é uma realidade espiritual. Quando as pessoas não querem se ouvir mutuamente, estão em guerra.

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O Papa vem trazer uma mensagem de paz, mas para que nós acolhamos essa mensagem de paz é necessário que haja esta benevolência, e a disposição de saber que é um homem de bem que vem nos dirigir uma palavra e não simplesmente uma palavra dele, mas uma palavra que vem de Deus.

noticias.cancaonova.com: Por que o Papa escolheu o Brasil?

Pe. Paulo Ricardo: O Papa sabia que deveria vir à América Latina para a celebração da V Conferência do Episcopado Latino Americano. E ele então manifestou o desejo de que fosse numa cidade mariana. Nesta lista de cidades ligadas a Nossa Senhora constava a cidade de Aparecida. Foi o Papa quem escolheu pessoalmente Aparecida como o lugar da V Conferência do Episcopado Latino Americano. O Pontífice tem consciência de que o Brasil é o país com a maior população católica do mundo. E sabe da grande tradição católica do nosso país. Ele tem uma palavra para dizer a nossa nação, mas não somente isso, o Brasil servirá de púlpito onde ele vai dirigir uma mensagem para toda a América Latina. E é justamente nesse espírito que nós acolhemos a visita de Bento XVI.

noticias.cancaonova.com: O Cardeal Joseph Ratzinger sempre foi visto como um homem frio e distante, conservador. Isto fez com que muitas pessoas fizessem uma comparação entre ele, como Papa Bento XVI, e o Papa João Paulo II. Como ele vê essa reação das pessoas?

Pe. Paulo Ricardo: No seu livro de entrevista “O Sal da Terra” o Papa Bento XVI fala dessa problemática. E ele demonstra ter consciência de que foi vítima de uma propaganda desleal. Na verdade, a mídia progressista se uniu a vários teólogos liberais, dentro da própria Igreja, com o interesse de separar a figura do cardeal Joseph Ratzinger da figura carismática de João Paulo II. Como se o Papa fosse refém de um cruel inquisidor. Nós sabemos, porém, que esses dois homens estavam intimamente ligados, e trabalhavam em profunda sintonia um com o outro.

Não é possível compreender o pontificado de João Paulo II deixando de lado a figura de Joseph Ratzinger.

Temos que compreender que se tratou de uma artimanha muito bem pensada. Queriam separar a figura dos dois para poder livremente criticar os documentos que saíam da Congregação da Doutrina da Fé e, ao mesmo tempo, não ser acusados de infidelidade ao Papa. Esta artimanha foi desmascarada com a eleição de Bento XVI. Não é mais possível esconder a pessoa dele com a cortina de fumaça da desinformação.

Agora o mundo pode ver diretamente quem é Bento XVI. Com a farsa desmascarada, o que fez a mídia? Inventaram mais uma mentira: a de que ele mudou. Segundo esta, ele deixou de ser o homem frio e calculista, e agora, ela apresenta um novo “personagem”: a figura de um pastor bondoso. Contudo, Joseph Ratzinger continua sendo o homem de Deus que sempre foi. Não houve mudança em sua personalidade. Trata-se apenas do fato que a mídia sonegou e escondeu de nós, durante muito tempo, o homem extraordinário e cativante que ele sempre foi. O que mudou foi o fato de que hoje a mídia não pode mais escondê-lo atrás de uma falsa caricatura porque ele se tornou visível para o mundo inteiro.

A cortina de fumaça se desfez. E o povo católico do Brasil poderá agora ver pessoalmente a grandeza deste homem que a providência divina escolheu como nosso Pastor Universal.

Todas as vezes que Joseph Ratzinger teve que dizer uma palavra dura contra algum teólogo, foi justamente por amor à verdade e ao próprio povo de Deus. O povo não pode ser deixado como ovelha sem pastor. O povo de Deus espera uma palavra que venha de seus pastores e que indique o caminho a ser seguido. Pois a própria Escritura nos adverte: “surgirão falsos profetas”.

noticias.cancaonova.com: O que Bento XVI deverá converar com o presidente Lula amanhã.

Pe. Paulo Ricardo: O Papa não é somente o bispo de Roma e sucessor de São Pedro. Ele é também Chefe de Estado, o Chefe do Vaticano, por isso, é recebido em nosso país com honras de Chefe de Estado. Ele irá, por isso, se encontrar com o Presidente da República. Porém, o Santo Padre não é somente um Chefe de Estado. Ele é um pastor e a maior parte do povo brasileiro pertence à Igreja Católica e tem fé católica. O Papa sabe de seu dever de manifestar ao Presidente da República o ensinamento da Igreja Católica para que ele a considere ao governar este país.

Com a tramitação no Congresso de um projeto de descriminalização do aborto, nós estamos vivendo um momento muito delicado da historia do país. Milhões de vidas estão dependendo de uma decisão do Congresso. Mas os homens não têm o poder de legislar a respeito do aborto. A lei já existe. Ela vem de Deus. E é o quinto mandamento que nos diz: não matar. Nenhum legislador humano, nem mesmo o Papa, poderia alterar essa lei.

O Presidente da Republica está tentando esconder a agenda da esquerda, que tomou conta da política do nosso pais, dizendo que o aborto é uma questão de Estado e de Saúde Pública. Mas não é assim. Não se pode resolver o problema de umas poucas mulheres que prejudicam sua saúde cometendo o crime do aborto, com um crime ainda maior! Descriminalizar o aborto é aceitar a morte de milhares, milhões de crianças inocentes.

A legislação contra o aborto é uma legislação que vem de Deus e nenhum poder humano pode tocar nela. Certamente, o Papa Bento XVI está consciente do debate que está acontecendo em nosso país e ele terá uma palavra para dizer a esse respeito. Já sabemos qual é a opinião do Pontífice e da Igreja. A mídia fará o possível para transformar a questão do aborto numa opinião privada. Em algo que cada um pode decidir conforme a sua consciência. Porém, nós não podemos decidir a respeito da vida de milhares de crianças. Nós não somos deuses, não somos senhores da vida. Devemos respeitar a vida das crianças, que estão por nascer, e fazer com que o nosso país seja um país que respeita a vida.

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