As Mães da Praça de Maio iniciaram no domingo à noite uma série de atos para lembrar os 30 anos, completados hoje, do início da luta para encontrar os desaparecidos durante a última ditadura militar argentina. Acompanhadas por uma multidão, integrantes da Linha Fundadora da organização humanitária realizaram uma marcha com velas encerrada à meia-noite deste domingo no mesmo local onde começou o primeiro ato, em 30 de abril de 1977.
Na ocasião, 14 mulheres que até então reivindicavam separadamente se uniram para clamar pelos filhos seqüestrados pela ditadura (1976-1983) caminhando em círculos pela Praça de Maio de Buenos Aires, situada em frente à Casa de Governo.
O regime militar primeiro reagiu com surpresa, depois as chamou de "as loucas da Praça de Maio", e, à medida que as concentrações foram se tornando mais numerosas, reprimiu e perseguiu as mulheres que cobriam as cabeças com lenços brancos.
No ato de ontem à noite foram homenageados pela primeira vez os pais dos desaparecidos, e também foi realizado um espetáculo musical com a participação do cantor cubano Pablo Milanés e da argentina Teresa Parodi, entre outros artistas locais e estrangeiros.
"As Mães são um dos grandes símbolos da humanidade. Para mim é uma honra estar aqui", disse Milanés. "Agradecemos a todos os que nos acompanharam nestes anos. Para nós, este é um dia de alegria e nos dá forças para continuar com nossa luta", afirmou a presidente das Mães da Praça de Maio Linha Fundadora, Nora Cortiñas.
Um outro setor em que as Mães se dividiram, dirigido por Hebe de Bonafini, realizará hoje sua própria cerimônia na Praça de Maio, onde terá outro festival de música e serão entregues distinções para colaboradores da entidade, entre outras atividades.
De acordo com cálculos oficiais, 18 mil pessoas desapareceram durante a ditadura militar, apesar das organizações humanitárias e dos familiares afirmarem que o número de vítimas é de 30 mil pessoas.