Na Catequese desta quarta-feira, 10, Leão XIV refletiu sobre a questão da morte, abordando o temor humano e destacando a ressurreição de Cristo
Da Redação, com Vatican News

Papa Leão XIV acena para fiéis durante “giro do papamóvel” na Praça São Pedro / Foto: REUTERS/Remo Casilli
As baixas temperaturas que anunciam a chegada do inverno não impediram os fiéis de se reunirem na Praça São Pedro para a Audiência Geral desta quarta-feira, 10. O Papa Leão XIV deu continuidade ao ciclo de catequeses do Jubileu 2025, refletindo sobre o tema “A Páscoa de Jesus Cristo: resposta última à pergunta sobre a nossa morte”.
No início de sua fala, o Pontífice reconheceu o impacto existencial dessa realidade. “O mistério da morte sempre suscitou questões profundas nos seres humanos”, apresentando-se como um paradoxo. “É natural porque todo o ser vivo na Terra morre. É antinatural porque o desejo de vida e de eternidade […] faz-nos ver a morte como uma condenação, como um ‘contrassenso’”, acrescentou.
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Ao analisar a sociedade contemporânea, o Pontífice alertou para a tendência de silenciar esse assunto. Ele apontou como a morte é uma espécie de tabu, um acontecimento do qual muitas pessoas tentam manter distância. Isso leva alguns a evitar até mesmo os cemitérios, onde repousam aqueles que aguardam a ressurreição, sinalizou o Santo Padre.
A reflexão de Leão XIV avançou para a condição singular do ser humano, único que tem consciência da própria finitude. “Só os humanos fazem esta pergunta, porque só eles sabem que vão morrer”, observou, acrescentando ainda que tal lucidez não liberta, mas expõe a fragilidade. “Encontramo-nos conscientes e, ao mesmo tempo, impotentes”, expressou.
Meditação sobre a morte
Citando Santo Afonso Maria de Ligório, o Papa destacou o valor espiritual da meditação sobre a morte. “Saber que ela existe, e sobretudo meditar sobre ela, ensina-nos a escolher o que realmente queremos fazer com a nossa vida”, destacou.
Segundo o Pontífice, essa consciência ajuda a libertar o coração do supérfluo e a orientar a vida para o essencial. “Orar para compreender o que é benéfico para o Reino dos Céus […] é o segredo para viver autenticamente”, indicou.
O Santo Padre também apontou para as promessas modernas de uma falsa imortalidade. “Muitas visões antropológicas atuais prometem imortalidades imanentes”, lembrando o desafio colocado pelo transumanismo e questionando se a própria ciência poderia assegurar que uma vida sem morte é também uma vida feliz.
Passagem para a vida eterna
Neste contexto, Leão XIV ressaltou a dimensão do anúncio pascal. “O acontecimento da Ressurreição de Cristo revela-nos que a morte não se opõe à vida, mas é parte integrante dela como passagem para a vida eterna”, salientou.
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Ao final, o Papa recordou que Cristo já atravessou o limiar da morte pela humanidade. “O Ressuscitado precedeu-nos na grande provação da morte, emergindo vitorioso graças ao poder do Amor divino”. Desta forma, preparou para os homens “o lugar do repouso eterno, o lar onde somos esperados” e a vida plena onde já não há sombras nem contradições.




