Em mensagem a participantes de congresso missionário no México, Leão XIV comenta aspectos da missão evangelizadora no mundo contemporâneo
Da Redação, com Boletim da Santa Sé

Foto: Filippo Monteforte/AFP
A Santa Sé divulgou, nesta sexta-feira, 7, uma mensagem do Papa Leão XIV para os participantes do 17º Congresso Nacional Missionário do México. O evento tem início neste dia 7, em Puebla de los Ángeles, e se estende até o dia 9.
O Pontífice expressou sua alegria pela grande participação no congresso e pela generosidade com que os participantes sustentam a obra missionária da Igreja através da oração perseverante, dos sacrifícios assumidos e do apoio oferecido. “Desta forma, colaboram na grande tarefa evangelizadora da Igreja universal, cujo maior privilégio e dever é levar Cristo ao coração de cada pessoa”, frisou.
O Santo Padre recordou o episódio em que Jesus comparou o Reino dos Céus a um pouco de fermento que uma mulher mistura com uma grande quantidade de farinha até transformá-la (Mt 13,33). Ele explicou que o fermento daquele tempo era um pedaço de massa dos dias anteriores, já fermentada. Ao ser misturada com farinha nova e água, essa porção fermentava todo o conjunto.
Assim aconteceu com o México, sinalizou Leão XIV. O fermento do Evangelho chegou na mão de alguns poucos missionários. “Eram as mãos da Igreja, que começariam a amassar o fermento que carregavam dentro de si — o depósito da fé — com a farinha fresca de um continente que ainda não conhecia o nome de Cristo. À medida que os dois se uniam, iniciava-se o lento e admirável processo de fermentação. O Evangelho não apagou o que encontrou, mas o transformou”, refletiu.
Um impulso missionário
“Toda a riqueza cultural dos habitantes da região foi misturada com a fé”, prosseguiu o Papa, “até que o Evangelho criou raízes em seus corações e floresceu em obras de santidade”. Em meio a este processo, assinalou, Deus presenteou a Igreja com um sinal de perfeita inculturação: a aparição da Virgem Maria em Guadalupe.
O Pontífice afirmou que a mensagem de Nossa Senhora se converteu em um impulso missionário. Os primeiros evangelizadores assumiram com fidelidade a tarefa de fazer o que Cristo mandava. Onde eles pregaram, prosperou a fé, a cultura, a educação e a caridade.
“Assim, pouco a pouco, a massa continuou a fermentar e o Evangelho tornou-se pão capaz de saciar a fome mais profunda daquele povo”, declarou o Santo Padre. Ele recordou o Beato Juan de Palafox y Mendoza, bispo cuja memória segue viva em Puebla, onde exerceu seu ministério.
Tal exemplo, indicou Leão XIV, interpela os religiosos dos dias atuais, pois ensina que governar é servir, que formar com seriedade é evangelizar e que toda autoridade, quando exercida conforme o Cristo ensinou, se converte em fonte de comunhão e esperança. “Em sua vida e em seus escritos, Palafox nos mostra que o verdadeiro missionário não domina, mas ama; não impõe, mas serve; e não instrumentaliza a fé para obter vantagens pessoais, mas compartilha a fé como se compartilha o pão”, observou.
Deixar-se transformar pelo Evangelho
O tempo atual, prosseguiu o Papa, é como uma pedra de moinho: as dores da pobreza, as divisões sociais, os desafios das novas tecnologias e os desejos sinceros de paz seguem triturando novas farinhas, que correm o risco de serem fermentadas com o mau fermento. “Por isso o Senhor chama vocês, missionários de hoje, a serem as mãos da Igreja que colocam o fermento do Ressuscitado na massa da história, para que volte a fermentar a esperança”, ressaltou.
O Senhor chama vocês, missionários de hoje, a serem as mãos da Igreja que colocam o fermento do Ressuscitado na massa da história, para que volte a fermentar a esperança.
– Papa Leão XIV
“Não basta dizer ‘Senhor, Senhor’, mas devemos fazer a vontade do Pai”, salientou o Pontífice. “Precisamos estar dispostos a sujar as mãos no mundo! Não basta falar da massa sem sujar as mãos; precisamos tocá-la, misturar-nos com ela, deixar que o Evangelho se funda com as nossas vidas até que as transforme por dentro. Desta forma, o Reino crescerá, não pela força ou pelos números, mas pela paciência daqueles que, com fé e amor, continuam a amassar a massa ao lado de Deus”, acrescentou.
Na conclusão da mensagem, o Santo Padre reconheceu que a Igreja no México se esforça para viver plenamente o chamado de Cristo e agradeceu pelos generosos esforços, animando-os a serem sempre missionários segundo o Coração de Jesus, peregrinos de esperança e artesãos da paz.
“Que o Senhor Jesus torne fecundas todas as suas iniciativas e que Nossa Senhora de Guadalupe, estrela da evangelização, sempre os acompanhe com sua ternura de Mãe, mostrando-lhes o caminho que leva a Deus. Com carinho, dou-lhes de todo o coração a minha bênção, assegurando-lhe as minhas orações e proximidade. Continuem trabalhando fielmente até que toda a massa tenha crescido”, finalizou.




