CONGREGAÇÃO DA MISSÃO

“Carisma vicentino continua vivo, atual e atuante”, frisa padre

No dia em que se celebra São Vicente de Paulo, sacerdote vicentino reflete sobre identidade e chamado da Congregação da Missão, que completou 400 anos

Gabriel Fontana
Da Redação

São Vicente de Paulo / Foto: Reprodução

Neste sábado, 27, a Igreja celebra a memória de São Vicente de Paulo. Sua vida foi completamente dedicada ao serviço dos pobres: o sacerdote francês fundou diversas associações caritativas. Entre elas está a Congregação da Missão, que completou 400 anos de existência em 2025.

Padre Emanoel Bedê, CM, recorda duas experiências vividas por São Vicente de Paulo que impactaram diretamente na fundação da congregação. A primeira aconteceu em janeiro de 1617: na ocasião, ele foi atender a confissão de um moribundo e, após esse fato, percebeu o quanto o povo estava perdido em sua ignorância no que dizia respeito à fé.

Padre Emanoel Bedê, CM / Foto: Arquivo pessoal

A segunda experiência citada por padre Bedê ocorreu em agosto daquele mesmo ano, quando, ao se preparar para celebrar a Missa, São Vicente de Paulo ouviu um relato sobre uma família em situação de penúria. Em sua homilia, sensibilizou os fiéis acerca da situação, e eles se puseram em procissão para ajudar aqueles pobres necessitados.

“Observando aquilo, São Vicente de Paulo percebeu a necessidade de organizar a ação caritativa, para que seus efeitos pudessem ser duradouros”, pontua padre Benê. Assim surgiu a Congregação da Missão, cujo objetivo é “fazer o que fez Jesus Cristo: evangelizar os pobres, tanto espiritual quanto materialmente, socorrendo-os em suas misérias e pregando a Boa Nova”.

A identidade vicentina

Padre Benê destaca que as constituições da Congregação da Missão determinam que seu fim é “seguir Cristo Evangelizador dos pobres”. A partir dessa máxima, surgem alguns elementos da identidade vicentina. O primeiro citado pelo sacerdote é que “Jesus Cristo é a regra da Missão”, ou seja, ele é o referencial e a inspiração permanente para a vida e os projetos da companhia.

O segundo elemento é “revestir-se do Espírito de Cristo”. Isso significa enxertar-se no mistério de Jesus, internalizando suas atitudes e incorporando seu estilo de vida. Por fim, o último aspecto citado pelo sacerdote vicentino é “praticar as virtudes de Cristo”, que são a simplicidade, a humildade, a mansidão, a mortificação e o zelo.

“São esses, entre outros, os elementos que dão traços à identidade da espiritualidade vicentina e funcionam como parâmetros para nortear os critérios dos projetos assumidos pela Congregação e para dilatar a presença do Carisma nos lugares e realidades onde estão os mais pobres”, declara.

Novos desafios

Tais realidades sofreram diversas alterações desde a fundação da Congregação há 400 anos. Padre Benê aponta que desafios como a guerra, a peste, a fome e a violência seguem assolando muitas pessoas por todo o mundo, mas novas misérias também ganharam força, a exemplo do tráfico humano, da exploração infantil e do drama dos migrantes.

“É neste contexto inóspito e globalizado, onde vivem os pobres, que a Congregação é chamada a dar testemunho evangélico, viver a condição dos pobres como meio de dilatar o carisma e realizar o fim da Congregação, sempre atenta aos sinais dos tempos e aos apelos mais urgentes da Igreja, para abrir caminhos novos e empregando meios adequados às circunstâncias dos tempos e dos lugares”, sublinha o sacerdote.

O carisma vicentino, contudo, também mantém-se atual e cheio de vigor. Recentemente, a canonização do agora São Pier Giorgio Frassati, que foi confrade da Sociedade São Vicente de Paulo, reforçou isso. “Temos a certeza de que o carisma continua vivo, atual e atuante, encantador e genuíno caminho de santidade, como proposta para quem deseja viver sua autêntica vocação batismal no serviço aos mais pobres e excluídos da sociedade”, conclui padre Benê.

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