NO JAPÃO

Conheça os mártires de Hiroshima, servos de Deus

O dia 6 de agosto é uma data para voltar o olhar para o passado. O Japão e o mundo recordam o silêncio da tragédia causada pela bomba de Hiroshima. Mas, em meio à dor, uma luz. É a história de fé de um casal japonês que sobreviveu e testemunhou o amor. Tanto que estão em vias de santificação na Igreja.

Reportagem de Matheus Alves e Ederaldo Paulini

Um cotidiano comum. Hiroshima respirava futuro. Mas então, às 8h15 da manhã do dia 6 de agosto de 1945, a cidade foi engolida por um clarão. A primeira bomba atômica lançada sobre civis destruiu em segundos o que décadas haviam construído. 140.000 mortos, gritos que não se ouvem mais, ruínas que falam por si. “Nesses trágicos eventos permanecem um alerta universal contra a devastação causada pelas guerras e, em particular pelas armas nucleares”.

Hoje Hiroshima se ajoelha diante da memória. No Parque da Paz, flores são depositadas, pombas ganham o céu. Uma nação silencia, lembrando os que já não falam. 

Em Nagasaki, no meio dos escombros, uma história que não morreu. Takashi Paolo e Midori Marina Nagai. Um casal, dois corações feridos pelo horror da guerra. Ele médico, cientista e ateu. Ela, filha dos cristãos perseguidos de Nagasaki. Takashi conheceu Midori numa casa onde a fé era passada em silêncio, salvou a vida dela e foi salvo por ela. Midori rezava por sua conversão. Ele encontrou Deus no olhar dela. 

Eles se casaram em 1934. Midori cuidava da casa e da fé da família. Takashi trabalhava em um hospital que já recebia os primeiros feridos pela guerra e pela radiação. Ao retornar do trabalho, Takashi encontra o bairro de Urakami, totalmente cristão, somente a cinzas, e ao entrar em casa se depara com a esposa e o terço entre os dedos, todo derretido. Ali no epicentro da tragédia, ele fez de sua dor uma oração. A sua esposa morreu rezando e ele sobreviveu para testemunhar. 

Takashi sabia que ia morrer. A leucemia o paralisava, mas não silenciava. Em uma cabana, no meio das ruínas, escreveu 17 livros em 4 anos. Com a renda, construiu Igreja, escola, hospital, orfanato. Seu lar virou abrigo, suas palavras um refúgio. De um deserto radioativo floresceu uma cidade nova.

Takashi transformou perda em missão e Midori permaneceu em tudo que ele edificou. Takashi Paolo é testemunha de que a santidade é possível mesmo em meio às trevas do mundo. Takashi e sua esposa Midori foram declarados servos de Deus em outubro de 2021. Da ferida aberta nasceu a luz, uma chama que não se apaga, um testemunho que permanece, que a memória de Hiroshima e Nagasaki e a fé dos servos de Deus, Takashi, Midori, nos lembrem sempre que onde abundou o horror, superabundou a esperança.

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