AUDIÊNCIA

Papa Leão XIV frisa importância das Igrejas Orientais e faz apelo pela paz

Em audiência por ocasião do Jubileu das Igrejas Orientais, Pontífice destaca riqueza e variedade das tradições e alerta para risco de perdê-las por causa das guerras

Da Redação, com Vatican News

Papa Leão XIV cumprimenta o líder da Igreja Greco-Católica Ucraniana, Sua Beatitude Sviatoslav Shevchuk / Foto: ZUMA Press Wire via Reuters Connect

Cerca de cinco mil pessoas estiveram presentes na Sala Paulo VI para participar de uma audiência com o Papa Leão XIV. O encontro se deu por ocasião do Jubileu das Igrejas Orientais, que se encerra nesta quarta-feira, 14, e reuniu fiéis e representantes das Igrejas Orientais Católicas, patriarcas e metropolitas de mais de 10 países, inclusive do Brasil.

Em seu discurso, o Pontífice acolheu os presentes proclamando que “Cristo ressuscitou. Ressuscitou verdadeiramente”. Estas palavras, observou, são o núcleo central da fé e fundamento indestrutível da esperança, tema deste Ano Santo.

O Santo Padre destacou a diversidade das origens e histórias dos presentes e o sofrimento que muitas comunidades orientais sofreram, inclusive nos dias atuais. Ele recordou o Papa Francisco, que em um discurso disse que as Igrejas Orientais devem ser amadas, visto que preservam tradições espirituais e sapienciais únicas e têm muito a dizer sobre a vida cristã, a sinodalidade e a liturgia.

O Papa lembrou também de Leão XIII, que foi o primeiro a dedicar um documento à dignidade das Igrejas Orientais pela legítima diversidade de sua liturgia e disciplina – a Carta Apostólica Orientalium Dignitas, de 1894. Segundo o atual Pontífice, seu predecessor demonstrou uma preocupação que ainda é atual: o deslocamento forçado de muitos fiéis orientais por causa da guerra e de perseguições, da instabilidade e da pobreza.

“A Igreja precisa de vocês”

Leão XIV enfatizou o risco da perda da identidade religiosa do patrimônio das Igrejas Orientais. Diante disso, uniu-se em um apelo aos cristãos, orientais e latinos, que perseverem e resistam nas suas terras, mais fortes do que a tentação de abandoná-las. “Aos cristãos é preciso dar a oportunidade, não apenas com palavras, de permanecer nas suas terras com todos os direitos necessários para uma existência segura”, frisou.

Além disso, pediu a ajuda do Dicastério para as Igrejas Orientais para definir princípios, normas e diretrizes por meio dos quais os Pastores latinos possam apoiar concretamente os católicos orientais da diáspora a preservar as suas tradições vivas e enriquecer com a sua singularidade o contexto em que vivem.

“A Igreja precisa de vocês. Quão grande é a contribuição que o Oriente cristão pode nos dar hoje! Como temos necessidade de recuperar o sentido do mistério, tão vivo nas liturgias de vocês, que envolvem a pessoa humana na sua totalidade, cantam a beleza da salvação e inspiram o estupor pela grandeza divina que abraça a pequenez humana”, expressou o Santo Padre.

“A guerra nunca é inevitável”

Na sequência, Leão XIV fez mais um apelo pela paz – “não tanto aquele do Papa, mas o de Cristo, que repete: ‘a paz esteja convosco'”, manifestou. Tal paz, observou, é muito necessária da Terra Santa à Ucrânia, do Líbano à Síria, do Oriente Médio ao Tigré e ao Cáucaso.

Neste contexto, convidou todos a rezarem por essa paz, que é reconciliação, perdão, coragem para virar a página e recomeçar. Além disso, insistiu que a Igreja não se cansará de pedir que as armas sejam silenciadas.

“Farei todo o possível para que essa paz se difunda”, garantiu o Papa. “A Santa Sé está à disposição para que os inimigos se encontrem e se olhem nos olhos, para que os povos redescubram a esperança e a dignidade que merecem, a dignidade da paz. Os povos querem a paz, e eu, com o coração na mão, digo aos líderes das nações: encontremo-nos, dialoguemos, negociemos”, declarou.

Finalizando seu discurso, o Santo Padre sublinhou que a guerra nunca é inevitável. “As armas podem e devem silenciar, pois não resolvem os problemas, mas os aumentam; porque entrará para a história quem semeará paz, não quem que criará vítimas; porque os outros não são, antes de tudo, inimigos, mas seres humanos: não vilões a serem odiados, mas pessoas com quem falar”, concluiu.

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