Prior da Comunidade Agostiniana em Roma, padre Pasquale Cormio comenta eleição de Leão XIV e faz memória de alguns feitos do novo Papa
Da redação, com Vatican News
“Foi uma belíssima surpresa!”. Foi o que afirmou o prior da Comunidade Agostiniana em Roma e reitor da Basílica de Sant’Agostino in Campo Marzio, padre Pasquale Cormio. O sacerdote ainda está perplexo e sem conseguir descrever a alegria pela eleição do Papa Leão XIV. “Para nós, hoje, é verdadeiramente um dia de agradecimento porque esta é uma dádiva que o Senhor fez não só à Ordem Agostiniana, mas à Igreja universal, de ter este Pontífice que se insere em continuidade com o Magistério de Papa Francisco”.
Leia também
.: Agostinianos Recoletos recebem com alegria notícia do novo Papa
O momento do anúncio foi acolhido com grandíssimo júbilo por toda a comunidade. “Fizemos logo soar os sinos em festa, alguns de nós estavam ocupados com as celebrações vespertinas, outros acompanhavam a transmissão ao vivo da Praça São Pedro. Depois começaram a vir muitas pessoas aqui e assim ficamos abertos além do horário de fechamento habitual da basílica. Havia realmente muita alegria pelo dom deste Pontífice, nosso confrade!”, contou.
Missão no Peru e formação dos jovens sacerdotes
É significativo que precisamente na Basílica de Santo Agostinho o atual Pontífice tenha acolhido, como Prior da Ordem, o seu predecessor, Papa Francisco. “Em 28 de agosto de 2013, dia de Santo Agostinho estava em curso o nosso capítulo geral. Padre Prevost era o Prior Geral e tinha pedido ao Papa uma audiência para todos os religiosos agostinianos reunidos em Roma. E Francisco veio celebrar aqui inclusive uma Missa”, recorda o prior dos agostinianos romanos.
Por ocasião daquele capítulo, padre Prevost deixou, após dois mandatos, o cargo de Prior Geral, para retornar à América. De lá, o Pontífice argentino o chamaria de volta para lhe confiar primeiro a missão pastoral de bispo de Chiclayo, no norte do Peru, e mais tarde, o chamou em Roma como Prefeito do Dicastério para os Bispos.
“Na sua vida e na sua formação – sublinha o padre Pasquale – há dois elementos que qualificam a sua ação. Por um lado, a missão, que ele recordou (…) na sua primeira saudação como Papa, e depois o seu compromisso na formação dos jovens agostinianos, que conduziu tanto na primeira fase do seu sacerdócio, como depois de ter terminado o seu mandato de Prior Geral após 2013”.
Pontificado em continuidade com o de Francisco
Precisamente o papel de Prior Geral permitiu ao futuro Papa Leão XIV adquirir um amplo conhecimento da situação da Igreja no mundo. “Ele pôde visitar mais de 50 países onde estão as nossas comunidades Agostinianas e depois, como prefeito do Dicastério para os Bispos, também pôde ter um conhecimento direto das diversas realidades eclesiais. Seguramente, estes elementos o ajudam hoje no seu serviço à Igreja”, opina padre Cormio.
As primeiras palavras pronunciadas por Leão XIV foram um forte apelo à paz, a paz de Cristo Ressuscitado, uma paz desarmada e desarmante, humilde e perseverante. “Isto evidencia que a linha de Leão XIV está em continuidade com a herança que nos deixou o Papa Francisco – reafirma o Prior – e nos faz entender também que na história da Igreja não há a necessidade de introduzir logo algo de novo, mas se caminha nas pegadas de quem nos precede. Aquilo que nós recebemos, depois transmitimos”. Ao mesmo tempo, porém, Leão XIV introduziu um traço específico, definido pelo sacerdote como “agostiniano”, citando um texto particular de Santo Agostinho, que havia sido pronunciado pelo santo por ocasião de uma homilia para o aniversário da sua ordenação episcopal como Bispo de Hipona, na qual sublinhava como o ministério deve ser sempre um serviço para o bem comum.
Recordação pessoal
Mas há também recordações pessoais para o Prior, com o então padre Prevost. “Em 2006, quando fui ordenado sacerdote na minha diocese de Trani, na Puglia o Papa, na época era nosso Prior Geral, não quis faltar à minha ordenação. E assim, para estar presente, viajou toda a noite anterior, e esta coisa sempre me comoveu, porque naturalmente não era obrigado. E foi um gesto pessoal de afeto e de amizade para comigo. E ontem à noite, depois da eleição, com a minha família compartilhamos algumas fotos que ele tinha tirado conosco naquele dia, e que guardamos como uma recordação preciosa para levar no coração”.