MISSA EM SUFRÁGIO

Cardeal Costa recorda Francisco: quem guarda a memória, guarda a vida

Arcebispo de Brasília (DF) presidiu Missa em sufrágio pela alma do Papa nesta segunda-feira, 21, e recordou fatos marcantes do pontificado

Gabriel Fontana
Da Redação

Imagem do Papa Francisco presente na Missa celebrada na Catedral metropolitana de Brasília nesta segunda-feira, 21 / Foto: Reprodução TV Canção Nova

Às 10h desta segunda-feira, 21, uma Missa foi celebrada na Catedral Metropolitana de Brasília (DF) em sufrágio pela alma do Papa Francisco, que morreu nesta madrugada. O arcebispo da capital federal, Cardeal Paulo Cezar Costa, presidiu o rito.

Entre os concelebrantes estiveram o arcebispo emérito de Aparecida (SP), Cardeal Raymundo Damasceno Assis, e o Núncio Apostólico no Brasil, Dom Giambattista Diquattro. A Missa, que já estava marcada para a comemoração dos 65 anos da capital federal e recepção da peregrinação da Cruz da primeira Missa celebrada no Brasil, há 525 anos, tornou-se também a celebração da Igreja no país pela alma do Santo Padre.

Em sua homilia, o Cardeal Paulo Cezar Costa destacou o misto de sentimentos que marcou a manhã na Catedral. Alegria pela celebração dos 65 anos da cidade – e da Arquidiocese de Brasília – e tristeza pela morte do Papa Francisco. Contudo, prosseguiu, “é preciso olhar tudo o que o Senhor fez nesta cidade de Brasília, é preciso ver também, com a memória agradecida, tudo o que o Senhor fez também à Igreja, crescendo junto com a cidade”.

O arcebispo pontuou que a celebração se dá na Oitava da Páscoa, e por isso a Liturgia do dia aborda a ressurreição de Cristo. “Ela nos traz o mesmo sentimento de tristeza que estamos no coração e nos traz esperança, porque a esperança é um dos grandes sentimentos que tem que mover a vida humana”, afirmou.

Olhar com memória agradecida

Cardeal Paulo Cezar Costa / Foto: Reprodução TV Canção Nova

Voltando o olhar para o Evangelho do dia (Mt 28,8-15), o Cardeal Paulo Cezar sublinhou o pedido de Jesus às mulheres para que anunciem aos apóstolos que se dirijam à Galileia, local do primeiro encontro com o Senhor. Neste contexto, o arcebispo falou da importância de fazer memória. “A memória é vida. Quem guarda a memória, guarda a vida, guarda a história”, disse.

O religioso recordou detalhes da história de Brasília e também do Pontífice. “É preciso olhar com memória agradecida por tudo aquilo que o nosso amado Papa Francisco fez pela Igreja – e não só pela Igreja, mas pela humanidade”, sinalizou.

“É preciso revisitar o pontificado do Papa Francisco”, prosseguiu o cardeal, destacando que o Pontífice “foi alguém que apontou para a humanidade, hoje, os grandes problemas que estão aí e afligem a vida”.

Segundo Dom Paulo Cezar, o Santo Padre olhou para os mais pobres e os migrantes, e recordou o dever de preservar a casa comum e a alegria do Evangelho, salientando que a Igreja precisa ser cada vez evangelizadora, missionária, indo ao encontro das periferias existenciais.

“A ressurreição enche nosso coração de esperança”

O cardeal citou ainda a Primeira Leitura (At 2,14.22-32), na qual Pedro faz memória de tudo o que Jesus havia realizado em vida até a sua ressurreição. Frisando que Deus é o Senhor da Vida, o religioso declarou que apesar da tristeza pela morte do Papa, os corações encontram-se consolados, pois a morte não é o fim de tudo, mas a certeza de vida nova.

“A ressurreição enche nosso coração de esperança, de alegria, pois nos dá a certeza de que o Senhor ressuscitado caminha conosco, é uma presença no meio de nós e no final nos dará vida, e vida eterna. Aqui se fundamenta a grande esperança da fé”, afirmou o religioso após citar brevemente a trajetória do Papa Francisco, desde o início de sua vida na Argentina até a eleição como Pontífice em março de 2013.

O arcebispo recordou ainda a história e a vocação de Brasília. “Que nossa amada cidade, continue a ser cidade da esperança para todos os brasileiros, porque aqui se sonha, aqui se pensa à altura da grandeza e da dignidade do ser humano”, expressou.

Missa celebrada na Catedral Metropolitana de Brasília também comemorou os 65 anos da capital federal / Foto: Reprodução TV Canção Nova

Palavras do Núncio Apostólico

Ao final da Santa Missa, o Núncio Apostólico, Dom Giambattista Diquattro, falou sobre a morte do Papa Francisco, cuja notícia é dolorosa. “Nosso amadíssimo Pontífice quis, ainda ontem, entregar-se mais uma vez à sua Igreja, em um breve momento na celebração da alegria pascal. Até o fim deu testemunho de sua paixão pelo Senhor e pela Igreja”, declarou.

“O Papa Francisco nos ensinou a viver o Evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados”, acrescentou o Núncio, que encerrou sua fala agradecendo ao Santo Padre.

Entrevista após a celebração

Após a Missa, o Cardeal Paulo Cezar Costa anunciou que será celebrada outra Missa em sufrágio pela alma do Pontífice na Catedral Metropolitana de Brasília. A celebração está agendada para quarta-feira, 23, às 12h15.

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Ele também falou ao vivo para o Sistema Canção Nova de Comunicação e expressou que este é um momento de fé e esperança. “Nós estamos entregando ao amor de Deus o grande Papa Francisco”, declarou.

O cardeal reforçou que Francisco foi um homem que fez muito bem à Igreja e ao mundo, apontando na direção de uma Igreja evangelizadora e missionária. Além disso, enalteceu a alegria do Evangelho e indicou para o mundo a questão dos grandes problemas, como as questões ecológica e dos pobres, dos excluídos e dos últimos, que são os preferidos de Jesus.

“É preciso entregá-lo ao amor misericordioso de Deus e também rezar, pedindo ao Senhor que conduza a Sua Igreja e que Ele dê um outro pastor, um outro bispo para a Diocese de Roma, um outro Papa. É missão nossa, dos cardeais, cumprir esse rito, uma grande responsabilidade, e o povo católico deve participar rezando”, manifestou.

O religioso salientou que Deus é o grande pastor da Igreja, ao passo que os cardeais são Seus servidores. “Peçam a Ele que nos ilumine e nos conduza neste movimento, para que nós escolhamos um pastor segundo Seu coração, que possa pastorear, ser um bom pastor para a Igreja, e possa ser um homem também que ajude o mundo neste momento a discernir, a iluminar as grandes questões do mundo hoje”, exortou.

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